Você tem boa memória?
Eu te pergunto porque não sei você, mas eu já convivi e convivo com pessoas próximas (parentes e amigos) com dificuldades de memória e, sinceramente, não foi fácil para eu aceitar essa situação. A primeira pessoa que vi passar por esse processo foi minha avó materna Jovelina.
Quando eu era criança ela me ensinou a fazer contas, a fazer toalhas de tricô e crochê e a rezar. Aprendi muitas coisas com ela. Mas com o tempo sua memória foi falhando e aos poucos os assuntos que ela trazia foram se tornando repetitivos e essa situação me exigia bastante energia para estar disponível e ouvi-la.
Hoje, tenho passado por situação parecida com uma pessoa próxima e muito querida. Procuro ouvi-la quantas vezes for necessário para ela contar os mesmos assuntos, mas confesso que nem sempre tenho disponibilidade de escuta.
Mas o que é disponibilidade de escuta? É você estar 100% na conversa, sem divagar com outros pensamentos que possam interferir de você estar com a alma presente ali naquele momento.
Você já passou por isso? Tanto na situação de quem escuta, quanto de quem fala?
O exercício que faço nessa situação é escutar a pessoa como se fosse a primeira vez, procurando não ficar com pensamentos do tipo: “Nossa, mas ela não lembra que já me falou isso?” Ou “Falo ou não falo que já escutei essa história?”
Se consigo estar disponível todas às vezes para conversar? Não.
Tem momentos que eu preciso de empatia dos outros e numa linguagem mais autêntica eu digo: olha, gostaria de ouvir essa história, mas no momento não estou com tempo disponível ou estou cansada. Podemos marcar um outro dia para conversar?
Trabalhando nossa autocompaixão estamos nutrindo nosso emocional de forma positiva e abrindo espaço para estarmos disponíveis para conversar num outro momento.
Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.
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