Crianças com colesterol alto – Existe mesmo!

por Edina A T Trovões

É notório o número de crianças e adolescentes que estão acima do peso ou obesos. Basta olhar ao redor e ver as estatísticas do IBGE: em apenas 30 anos o número de crianças e adolescentes acima do peso subiu de 4% para 18% entre os meninos e de 7,5% para 15,5% entre as meninas.

Esse aumento do peso trouxe junto outros problemas, como aumento de gorduras no sangue chamado de dislipidemia. Há aumento do colesterol ou triglicérides ou ambos. Sabemos que jovens com peso adequado também podem apresentar dislipidemia por questões de hereditariedade, mas com o aumento de peso que está fortemente relacionado ao aumento de ingestão de calorias, esse risco aumenta. 

O problema é que existe uma associação muito forte entre dislipidemia e o desenvolvimento de doença arterial coronariana e quanto mais jovem for a pessoa mais cedo esta doença irá se instalar, e vale lembrar que as doenças cardiovasculares representam atualmente uma das três principais causas de adoecimento e morte no mundo e no Brasil.

Toda criança acima de 10 anos deve realizar exames de sangue para verificar a quantidade de gorduras no sangue: o colesterol total, suas frações e o triglicérides. Caso a família já apresente casos de doenças do coração, infartos ou dislipidemias então é recomendado realizar esses exames antes dos 10 anos.

Os valores aceitáveis de colesterol total, suas frações, que são o LDL-C, o HDL-C e o triglicérides, para crianças acima de 2 anos e adolescentes até 19 anos  são:


CT = Colesterol total;    LDL – C = LDL – Colesterol;   HDL-C= HDL- Colesterol; TG = triglicéride

No caso de crianças e adolescentes com dislipidemia, a Associação Americana do Coração recomenda iniciar, rapidamente, mudanças nos hábitos de alimentação e de estilo de vida antes de se pensar no uso de remédios para baixar o colesterol/triglicérides.

Falar em mudanças de hábitos de alimentação significa saber o que a criança está comendo, eliminar o que é prejudicial e incluir o que é benéfico.

Quando o assunto é estilo de vida, aparece o sedentarismo, as horas gastas em frente a televisão ou ao computador, o uso de cigarro de forma tão precoce e a ingestão de bebidas alcoólicas em festas e nos famosos “churras”.

Para normalizar os níveis de gorduras no sangue deve-se comer com moderação carnes vermelhas/hambúrguer (no máximo 2 vezes por semana) comer frituras no máximo 1 vez por semana e evitar presunto, mortadela, queijos amarelos, linguiça, salsicha, salgadinhos, bolachas crocantes, donut’s, pipoca de microondas, cookies, panetone, creme de leite e chantilly.

Além disso, é importante aumentar o consumo de gorduras de boa qualidade, como: azeite de oliva extra virgem, óleo de canola, azeitona, abacate, nozes, castanhas, amêndoas e pistache.

Comer peixe no mínimo 2 vezes por semana, acrescentar linhaça nas refeições e ingerir de 3 a 5 porções de frutas por dia.

Comer verduras e legumes (um prato de sobremesa) e mais feijão ou soja todos os dias no almoço e jantar.

É importante deixar de beber refrigerantes e sucos adoçados, evitar doces, balas, chicletes, diminuir a quantidade de açúcar e controlar o consumo de arroz, batata, macarrão, pães e farinhas.

A criança deve ser estimulada a praticar no mínimo 2 horas de atividades físicas por dia e limitar as atividades sedentárias (como assistir televisão e navegar na internet) no máximo de 2 horas por dia.

“Cuidar da criança para não ter que tratar o adulto”

Edina Aparecida T. Trovões

Nutricionista – CRN3-1579

e-mail: [email protected]

Matéria publicada inicialmente na Revista City Penha

Talvez você também goste...

Deixe uma resposta