Qualidade X Quantidade de tempo nas relações

por Bárbara Bezerra

Os pais são aconselhados, com frequência, a dedicarem mais tempo aos filhos. No entanto, é a qualidade do tempo e não a quantidade, que afeta a percepção dos filhos de se sentirem amados ou não. O Sr. H. passa horas com seus filhos, participando, com eles, de empreendimentos e jogos. Superficialmente esse tempo parece ser uma prova de dedicação. Mas se observarmos melhor, ouviremos uma série de comentários como estes:

“Vamos, Jimmy, é a sua vez, não demore!”
Você não está segurando o serrote direito. Quantas vezes já lhe disse para segurá-lo assim?”
“Por que você não joga bola como seu irmão? Quando você vai aprender a jogá-la com o apoio do ombro?”
“Você estragou esta pintura. Vamos, deixe que eu faço. Pelo amor de Deus, desta vez fique olhando como eu faço. Se for para você fazer alguma coisa, faça direito!”

As horas passadas com os filhos são cheias de críticas, falta de respeito, comparações e exigências excessivas. Quanto mais tempo os filhos passam com pais assim, menos adequados e amados se sentem. O tempo, por si só, necessariamente não corresponde a amor.

Essa passagem é do livro “A autoestima do seu filho“, da autora Dorothy Corkille Briggs. A reflexão que quero trazer hoje é sobre se nós temos consciência da forma como expressamos nossas necessidades para os outros.

Esse pai que falou com os filhos, por exemplo, talvez teria a melhor das intenções, a necessidade de ajudar os filhos a se aprimorarem em algumas atividades, mas a forma como ele se expressou fazendo comparações com o outro irmão, criticando o jeito que o filho joga acabou, na verdade causando desconexão e distanciamento entre ambos. Uma experiência de estarem juntos que poderia ser prazerosa acabou se tornando desconfortável.

Essa fala do pai pode representar para o filho que seu pai não o aceita como ele é, no entanto, o pai só deseja ver o filho se aprimorar naquilo que faz. E por mais que isso possa parecer óbvio na cabeça do pai, não o é para o filho.

Por isso é necessário deixarmos clara a nossa intenção quando falamos, explicando o melhor possível, podendo até perguntar para quem nos ouve se poderia repetir o que falamos (fazer uma checagem mesmo) para sabermos se nos fizemos claros, porque nem sempre o que falamos é entendido pelo outro como desejamos.

E retirar críticas e comparações na nossa fala é fundamental para estabelecermos uma conexão maior, deixando fluir o sentimento de amor na conversa.

Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.

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Capa: Imagem de M W por Pixabay

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