Há 2 anos fui à casa de meus tios visitá-los e meu tio falou que há 3 meses havia extraído o dente e não parava de doer. Voltou algumas vezes ao dentista e ele achou melhor encaminhá-lo para a faculdade de odontologia no setor de estomatologia.
Sou cirurgiã-dentista e na casa dele não havia luvas para examiná-lo. Mesmo assim peguei 2 colheres e colocando-o num lugar mais iluminado constatei que realmente havia uma lesão abaixo da língua, estendendo-se para assoalho de boca (chão da boca).
Fiquei angustiada porque achei se tratar de um câncer de boca. Falei para minha prima que precisávamos agilizar o atendimento dele. Ele tinha consulta na estomatologia só no final do mês e então conseguimos uma consulta pra ele na Unidade Básica de saúde (UBS) no dia seguinte com a dentista, porque falamos da nossa desconfiança dele estar com uma lesão grave.
No dia seguinte ele foi encaminhado para o setor de estomatologia da prefeitura do centro de especialidade odontológica (CEO) e foi feita a biópsia. Vale um adendo aqui: No Estado de São Paulo se o paciente procura o serviço de odontologia manifestando a necessidade de passar em consulta por achar que está com uma ferida na boca que pode se tratar de câncer, o atendimento dessa pessoa é priorizado. Passa-se na frente da fila. Quanto ao meu tio, 15 dias depois veio o resultado: Câncer de boca.
O primeiro atendimento foi rápido, mas o encaminhamento para o oncologista e a radioterapia e quimioterapia demorou meses e como o câncer já estava num estágio avançado, meu tio não resistiu e morreu.
O câncer de boca no Brasil atinge 15.000 pessoas ao ano, sendo 11.000 homens e 4.000 mulheres, em média. O diagnóstico precoce é fundamental para que o paciente sobreviva.
E o que está associado ao câncer de boca?
- Bebidas alcoólicas;
- cigarro;
- exposição excessiva ao sol;
- excesso de gordura corporal e
- sexo oral sem proteção, por causa do HPV.
E quais são os sinais e sintomas?
- Lesões ou feridas que não cicatrizam a mais de 15 dias;
- Manchas /placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengiva, céu da boca ou bochechas;
- Nódulos, caroços no pescoço;
- Rouquidão persistente (mudança na voz).
Nos casos mais avançados:
- Dificuldade de mastigação e de engolir;
- Dificuldade na fala;
- Sensação que há algo preso na garganta;
- Dificuldade para movimentar a língua.
Fiquem atentos a esses sintomas e qualquer alteração procure um cirurgião-dentista ou um cirurgião-dentista estomatologista.
Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.
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Parte deste texto peguei do site www.inca.gov.br