O Silêncio dos Homens – Documentário

por Mª Aparecida Costa

Este documentário foi indicado pela minha filha caçula, que tem o privilégio de participar de um grupo de trabalho onde se discute formas de minimizar as questões das desigualdades de gênero no mundo das empresas.

Produzido pelo Grupo PapodeHomen pode ser encontrado no Canal do YouTube (link no final desta matéria).

Vale a pena assistir (mais de uma vez se possível) e convidar os homens da família, amigos, vizinhos para esta sessão especial de cinema. Ao final aproveite para a conversar um pouco sobre impressões e sentimentos que o filme provoca.

O documentário aborda como os homens aprendem e desenvolvem sua identidade masculina baseada num modelo machista e patriarcal – como se formam homens em uma sociedade em que ocupam um lugar de privilégio.

Desde cedo os meninos aprendem que homens não choram, não demonstram sentimentos, não são sensíveis, não tem medo. Desta forma vamos moldando a identidade masculina como um ser forte, provedor, decidido. E para as mulheres a expectativa é que se comportem de forma oposta aos homens. É como uma moeda de dois lados.

Em uma cultura de dominação masculina, onde o feminino é desvalorizado, os homens não podem demonstrar fragilidade.

E este é o lado perverso: Os homens sofrem, mas sofrem calados e sozinhos.

Três em cada dez homens conseguem conversar sobre seus medos e dúvidas com amigos.

Para os homens negros há outros desafios – o enfrentamento do preconceito, da desigualdade racial, da violência que dizima os jovens negros no Brasil.

Entre 2016 e 2018 foram mais de 3,2 mil mulheres vítimas de feminicídio no Brasil . 71% dos crimes são cometidos por atuais ou ex-companheiros.

Felizmente algumas mudanças vem acontecendo, provocadas principalmente por movimentos de mulheres que lutam pela desconstrução dos modelos de formação de meninos e meninas.

Afinal, sexo é biológico mas gênero é construção social – valores herdados, geração a geração. Podemos reproduzir estes valores automaticamente ou questiona-los de forma crítica.

Inspire-se no trecho da música de Belchior cantada por Elis Regina:

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

Não pode haver mudanças na sociedade sem a participação dos homens na discussão e reconstrução de uma nova forma de ser menino e menina.

O documentário fala sobre homens que encontram espaço para, junto com outros homens, refletirem sobre o modelo masculino que existe e o tipo de homens que desejam ser.

É um movimento de transformação do masculino. Legítimo, importante, que deve ser ampliado. Uma compreensão de que o caminho não é a guerra entre homens e mulheres, mas a construção de seres humanos plurais que pensam, agem, sentem e se modificam no coletivo.

Assista ao vídeo

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2 comentários

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Pedro Augusto 27.fev.2020 - 09:06

Cresci ouvindo palavras negativas e sofrendo ao ser “sensível”, ralar o joelho depois de cair não pode trazer cara lagrimas ou cara feia porque se não somos julgados como “bixa”, “maricas” etc imagino que muitos passaram por isso também. E crescendo vamos criando a famosa independência, mas ao mesmo tempo uma dependência, seja da mãe ou da esposa, não ter coragem de marcar um médico, vergonha de falar das dores, falta de conhecimento sobre o corpo, diversos problemas.

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Mª Aparecida Costa
Mª Aparecida Costa 28.fev.2020 - 07:30

Suas palavras me emocionam. Tenho vontade de jogá-las ao vento. Posso? Um grande abraço, menino bonito!!

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