Filha,
Quando você era bem pequenina, eu te observava dormindo e, vez ou outra, uma imagem invadia minha mente: a despedida.
Imaginava sua felicidade por passar no vestibular, cursar uma boa faculdade ou aceitar uma proposta de trabalho. As possibilidades sempre foram muitas, mas sempre eram boas.
Tentei me antecipar e me preparar para esse dia, pois eu sabia que ele ia chegar.
Que bom que eu estudei muito e me esforcei para compreender as coisas da mente! Isso tem me ajudado bastante.
Lembra quando você aprendeu a andar de bicicleta?
Eu te apoiava segurando pela garupa, mas quando se sentiu confiante, você pediu: “Solta mãe!”.
E eu soltei.
Você seguiu sem olhar para trás e isso garantiu seu equilíbrio.
Naquele dia, testemunhei sua vitória, da mesma forma que estou testemunhando agora. Não tão perto, mas vigilante.
Quanto a mim, sigo com minhas estratégias.
Percebi que o coração apertado e a cabeça distante não seriam bons aliados, por isso, tenho me ocupado e pedido a Deus por força e sabedoria. E ele tem me dado.
Força para encarar um dia de cada vez e sabedoria para compreender que essa é uma fase linda e necessária na sua vida. Estamos longe uma da outra, mas não afastadas.
Saiba que a distância sempre parecerá maior do que é e a saudade exigirá uma paciência extra, mas o amor, esse não muda, nem de forma e nem de tamanho.
Fique firme!
Mamãe
Mia Koda
Psicanalista e escritora
Autora dos livros “Pânico – Entendendo o transtorno” e
Nevoeiro – textos e poemas
disponíveis para venda pela Amazon
Instagram: @mia_koda_escritora
Continuidade do Texto: O ninho nunca estará vazio