Vida de advogada

Em razão da comemoração do mês do advogado e para me apresentar resolvi escrever sobre essa profissão apaixonante, na origem grega a palavra páthos, que significa persuadir pela emoção. Tal sentimento pode gerar tanto o amor, quanto o ódio, nós- seres humanos que somos- somos movidos pelas nossas paixões, sejam elas sublimes ou viscerais. O que eu quero dizer que a minha profissão desperta e se utiliza a todo momento de emoções.

Emoções mais profundas do ser humano que busca pela justiça. No entanto, a maioria das pessoas não estão atrás apenas de dinheiro, mas sim de uma reparação moral, de ter sido subjugado, ludibriado como ser humano.

Na profissão de advogado nos utilizamos de doutrina, jurisprudência e toda uma gama de argumentos para que a nossa legislação seja eficaz, e possamos defender os interesses do nossos clientes, tais ferramentas são de plena importância e a base de nossos processos.

No entanto, a pergunta que eu me faço todos os dias como advogada humanista que sou, especialista em Direito de Família e Sucessões, mediadora, e profissional que quer ajudar as pessoas a resolverem seus conflitos de forma pacífica e eficaz são:

1. Será que um processo acaba com a dor suportada, será que a reparação do dano moral repara de fato?
2. Será que em uma ação de guarda, visitas e oferta de alimentos um juiz, por mais competente e capacitado que seja, será que compreenderá toda a indissiocracia daquela família?

Toda vez que um cliente meu entra no meu escritório, uma das primeiras perguntas que me fazem é quanto tempo irá durar o processo. A  resposta é sempre a mesma: não consigo te dar um prazo certeiro, processar alguém ou empresa é reviver um dissabor

 Eu sempre questiono os meus clientes para saber o quão preparados emocionalmente eles estão para mexer neste “conflito externo e interno” muito mais interno do que externo, na maioria das vezes.

Alguns colegas acham absurdo o meu questionamento porque advogado não é psicólogo, na visão deles nossa profissão foi feita para processar e auferir lucros.

Para a maioria dos advogados, pode soar sinônimo de fraqueza estar preocupado com o ser humano, para a sociedade “advogado bom é aquele que briga, é aquele que vai para cima e pronto para o embate”, no entanto em qualquer profissão e na vida você tem que ser estrategista, saber a hora de avançar e recuar.

Por isso, eu estou sim preocupada com os sentimentos do meu cliente, porque como todo bom advogado, eu odeio perder e como tal processo irá reverberar em seus sentimentos mais íntimos, ou seja vou incitar o  páthos de todas as partes, ou seja mexer em feridas que, muitas vezes ainda não foram cicatrizadas.

Somente após uma conversa franca e sincera é que eu fecho o contrato, só assim o meu cliente irá confiar em mim, e nessa jornada que resolvemos trilhar juntos, que é um demanda judicial!!!!

Tania Aiko Advogada
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Imagem: Arquivo Pessoal