Semana passada estava conversando com uma amiga e ela me disse que tem tido problemas de relacionamento com sua líder no trabalho. Disse que ultimamente elas não estavam conseguindo se falar de forma que a conversa não ficasse tensa.
Então numa das últimas conversas que tiveram, ao invés da minha amiga adotar uma postura de defesa, do tipo: “Olha eu não consegui terminar meu trabalho porque a empresa não me dá tempo para fazê-lo”, o que possivelmente era verdade, mas causava uma desconexão entre elas (porque entra o julgamento da empresa e de quem a comanda), minha amiga optou por se abrir um pouco mais. Teve a coragem de mostrar sua vulnerabilidade.
Então ela disse: “Fico triste e angustiada de não ter terminado o trabalho a tempo e ter errado em alguns momentos. O fato é que eu estou muito cansada ultimamente e estou precisando de descanso para poder trabalhar melhor.”
Quando minha amiga falou desta forma, gerou uma conexão automática com sua líder e ela também começou a se abrir e falar das suas necessidades.
Marshall Rosenberg, autor do livro comunicação não-violenta fala sobre a comunicação alienante da vida. Muitas vezes caímos na ilusão que deveríamos nos mostrar sempre bem para as pessoas, não demonstrarmos nossa vulnerabilidade porque isso seria sinal de fraqueza.
Mas o fato é que justamente quando demonstramos nossas fraquezas e dificuldades, é o momento em que “baixamos a guarda” e permitimos nos conectar com as outras pessoas.
E Brené Brown, autora do livro “A arte da imperfeição” relata como foi a conversa que teve com sua irmã mais nova, quando expôs suas imperfeições: “Eu me senti totalmente exposta e, ao mesmo tempo, plenamente amada e aceita (o que, para mim, é a definição de compaixão)”.
Acredite quando digo que a vergonha e o medo não conseguem suportar esse tipo de elo poderoso entre as pessoas. É exatamente por isso que coragem, compaixão e conexão são as ferramentas de que precisamos para nossa jornada para a Vida Plena. Para completar, minha disposição de deixar alguém com quem me importo me ver como imperfeita levou a um fortalecimento da nossa relação que perdura até hoje — e é por isso que posso chamar a tríade coragem, compaixão e conexão de “a arte da imperfeição”. Quando nos dispomos a ser imperfeitos e verdadeiros, essas dádivas continuam a dar frutos.
Quando aceitamos ser imperfeitos, exigimos menos perfeição dos outros e a vida se torna mais leve.
Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.
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