Marquei um cliente de odontologia para atender em um sábado e deixei um horário estendido (4 horas) porque o procedimento seria longo. Cheguei mais cedo porque precisava fazer um procedimento antes dele chegar para já ir adiantando o que eu iria fazer.
Esperei.
Nove horas e ele não chegou, 9:30 e nada. Quando deu quase 10:00 liguei para ele para ver se viria, e ele não atendeu o telefone.
Realmente não sei o que aconteceu, se ele esqueceu a consulta ou se houve algum contratempo que não o permitiu comparecer.
Daí pensei: como estou me sentindo com isso?
Na verdade, estava aliviada. 🙂
Naquele dia meu filho teria uma apresentação na escola e eu perderia porque precisava atender esse cliente. Então saí mais cedo e assisti à apresentação do meu filho e foi incrível.
Além é claro de participar do evento da escola, conversar com os professores dele e ouvir várias histórias de uma autora de livros infantis. Foi realmente um momento único.
O sentimento que fiquei em relação a este cliente é de gratidão por eu conseguir ir a um evento tão importante para mim e para o meu filho.
E se não tivesse esse evento como eu estaria me sentindo? Talvez decepcionada e irritada pela falta do cliente e a sensação de que meu preparo e disponibilidade de tempo para esse atendimento teria sido em vão.
A comunicação não-violenta traz clareza dos meus sentimentos e necessidades. Percebo cada vez mais que julgar o outro é uma percepção alienante da vida, como diz Marshall Rosenberg, e que o que preciso me conectar é comigo mesma, com a raiz do conflito que é se minhas expectativas ou necessidades humanas estão sendo atendidas, ou não.
Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.
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