Assassino! Matador de crianças! Essa foi a frase que Marshall Rosenberg ouviu quando estava em Israel, disposto a mediar um conflito entre palestinos.
O fato é que ele chegou nesse local e começou a conversar com os palestinos. Logo no início dessa conversa o Marshall percebeu uma certa agitação entre alguns participantes e seu intérprete disse a ele que eles estavam falando com raiva que ele era americano.
Logo em seguida se levantou uma pessoa do grupo e gritou: Assassino! Matador de crianças! Por sorte o Marshall no caminho para o lugar onde ele se fixou pra falar percebeu latas de gás lacrimogênio no chão jogadas e que tinham sido feitas nos Estados Unidos. Então Marshall arriscou falar (pensando nos sentimentos e necessidades dessa pessoa que gritou com ele): Você está irritado porque acha que meu país poderia empregar melhor o dinheiro para ajudar vocês ao invés de produzir gás lacrimogênio?
E o senhor árabe respondeu: Mas é claro! Eu vivo nesta situação precária há mais de 28 anos! Na escola do meu filho não tem livros. Você já viu isso? Uma escola que não tem livros? Meu filho não tem parquinho para se divertir e brinca perto do esgoto a céu aberto! Precisamos de escolas e parques para nossos filhos. Fazer valer os direitos humanos!
A conversa se estendeu por vinte minutos ou mais e Marshall nem concordou, nem discordou. A verdade é que ouviu as palavras dele não como ataques, mas como presentes de outro ser humano que estava disposto a compartilhar com ele sua alma e suas profundas vulnerabilidades.
Uma hora depois o homem que chamou Marshall de assassino, o estava convidando para um jantar de Ramadã na casa dele. Por trás de todo ato de violência existe uma necessidade não atendida.
Olha só, por trás da frase “Assassino, matador de crianças!”, há a necessidade: “Precisamos de escolas e parques para nossas crianças.”
A comunicação não-violenta nos convida a ver além, a entender as reais necessidades dos seres humanos e tornar a vida mais leve.
Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.
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Capa: Imagem de Frank Nürnberger por Pixabay
