Você sabe o que é Anosognosia?

por Mª Aparecida Costa
publicado em: atualizado em:

-“Até adolescente esquece as coisas, por isso eu não me preocupo com o meu esquecimento.” Este é o argumento preferido da nossa mãe, todas às vezes que tentamos falar sobre lapsos em sua memória.

Se quisermos vê-la ainda mais aborrecida é levar o tema em suas consultas de rotina. Aos 88 anos, ela se recusa a tocar no assunto. Chegamos a pensar ter ela consciência da dificuldade e estar se defendendo com receio de perder sua autonomia.

Conversando com o neurologista, descobrimos o sentido da palavra ANOSOGNOSIA, que se caracteriza pela perda de consciência e negação sobre a doença e suas limitações. É um sintoma ou consequência de doenças neurológicas como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer, esquizofrenia ou demência, sendo mais frequente em idosos. Pode acontecer em vários estágios da demência, porém é mais comum entre os casos mais graves.

É diferente de quando você esquece nomes, onde guardou algum objeto ou quando vai fazer alguma coisa em casa e no meio do caminho esquece, tendo que voltar para lembrar.

O diagnóstico e acompanhamento da Anosognosia pode ser realizado por um neurologista ou geriatra. É mais difícil porque as pessoas não acreditam que tem a doença e não aceitam o diagnóstico e tratamento psicológico ou medicamentoso. Na grande maioria dos casos, é a família que percebe as mudanças e leva a pessoa ao serviço médico.

Não existe um tratamento específico para este quadro, no geral o cuidado consiste em focar na causa do problema, o que reduz o sintoma.

Os médicos orientam a realização de atividades de estímulo cognitivo como caça-palavras, quebra-cabeças ou palavras-cruzadas; a prática de atividades físicas, psicoterapia e terapia em grupo. O foco é proporcionar melhor qualidade de vida à pessoa, incentivando atividades que ela demonstre prazer e interesse.

Alguns sinais de alerta:

  • Mudança repentina de comportamento da pessoa;
  • Uso da mesma roupa, sem ter consciência;
  • Redução dos hábitos de higiene;
  • alterações no humor quando confrontamos sua condição;
  • falta de consciência sobre a doença.

Conhecer o sentido desta palavra pode ajudar as famílias a buscar um diagnóstico e tratamento, mas também a olhar de forma mais empática um familiar com este problema.

Lembre-se: a pessoa nega não por resistência, mas por absoluta falta de consciência do problema. É preciso tato, sensibilidade, delicadeza e muito amor na abordagem e na continuidade do cuidado.

Por aqui temos conseguido avanços, o diagnóstico da nossa mãe melhorou a conexão e empatia com ela.

Diga-nos: este texto ajudou você? Deixe seu comentário. 🙂

Photo by Anthony Metcalfe on Unsplash

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2 comentários

Zely Vasconcelos Lima 10.nov.2021 - 20:02

Achei muito interessante este artigo, até porque muitos só dizem que é coisa da velhice. Mas sabemos que a pessoa pode viver com mais qualidade de acordo com a forma de abordar o problema. Me vejo esquecendo coisas e perdendo objetos que eu mesma guardei. Isso começou a ficar mais frequente, chegando a me aborrecer por meus descuidos.

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Mª Aparecida Costa 11.nov.2021 - 16:23

Obrigada por sua participação! Muitas vezes sofremos além do necessário por desconhecermos algumas informações importantes, não é? Um grande abraço!

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