O voo do cisne e da alma

por Darcy Santana
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Há um ar nostálgico nesta manhã cinzenta e fria.
O lamento triste brota do fundo da alma. Puxo a gola do casado para o alto e chuto uma pedra que vai rolando, rolando até cair fora da calçada.
Tenho que ir à feira, embora não goste.
Garoa gelada. Aperto o passo para voltar logo.
É sempre bom ao passar pela pequena ponte olhar o rio, ou melhor, o que restou do que um dia foi um rio. Cadeiras, armários, sofás, lixo, tudo vindo por água abaixo.
Mas o que é aquilo? Uma figura harmoniosa se destaca ao meu olhar. Balançando-se sobre as águas sujas, um belíssimo e majestoso cisne branco!
Paro sem querer acreditar naquela visão e ali fiquei, enquanto outras pessoas passavam por mim cismadas com o que eu poderia estar vendo, mas nada vendo que lhes interessasse, iam embora.
Fiquei ali não sei quanto tempo até que ele alçou voo e passou a alguns metros de onde eu me encontrava.
O segui com o olhar até que se tornou um pontinho branco e pensei no quanto Deus nos ama, o quanto ele se preocupa e fala conosco, basta perceber sua presença no meio de nós.
E bem ali, rezei com toda minha alma: Amo-te meu Deus. De todo coração e toda minha alma. Obrigada por estares aqui no meio de nós. Eu Te vejo tão claramente que chego a esquecer o dia frio, nostálgico e cinzento. Sinto agora um sol colorido queimar minha pela velha e enrugada.
E com um último olhar para o horizonte, alço voo, juntamente com aquele que veio alegrar o meu dia.
Voo, feliz da vida com o Cisne Branco, majestoso e belo!

Por Darcy Santana

73 anos, Funcionária pública aposentada. Não sou poetiza, mas gosto de tudo que diz respeito à arte, já tendo participado de concursos de teatro, poesia e pintura em tela. Escrevi um livro sobre minha comunidade, HISTÓRIA DE UM POVO somente para a comunidade e por amor a ela.
Creio no autor da vida, em como se revela a nós na natureza com toda sua beleza.
Gosto de olhar e me encantar com o céu o mar, o arco-íris, a vida e as pessoas. Na minha pequenez se pudesse me dirigiria a todos em forma de canção e poesia.

Photo by Robert Woeger on Unsplash

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2 comentários

Neila Waszak 28.jun.2021 - 09:34

Maravilhoso este texto. É exatamente desta forma que me sinto ao observar o nascer do sol, as paisagens quando subo a serra. O dourado dos plátanos no início do outono. Os mesmos plátanos com suas árvores secas, mas ainda deslumbrantes, no inverno e, o seu brotar, na primavera. Os eucaliptos, majestosos, enfileirados e rumo ao céu, a lua cheia, o mar. Como duvidar da presença e do amor de Deus.

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Mª Aparecida Costa 29.jun.2021 - 09:34

Que lindas suas palavras! Costuma escrever? Envie um e-mail para [email protected] e mande seus poemas. Este blog é de interesse público, publicamos textos próprios e textos de colaboradores. Um grande abraço!

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