Recentemente ingressei em um grupo de mulheres com uma proposta engrandecedora — a de ler um livro por mês indicado por alguém do grupo e em um encontro on-line, cada uma de nós encontra espaço para colocar sua compreensão sobre o enredo, o autor, o contexto onde o mesmo foi escrito.
Este mês, lemos e discutimos o livro 1822, escrito por Laurentino Gomes, jornalista que fundamentou sua pesquisa em trabalhos de historiadores. Um dos pontos que chamam a atenção no livro é a diferença entre a história do Brasil descrita pelo autor e aquelas que aprendemos nos livros escolares, o que nos faz refletir sobre os bastidores dos atos heroicos e o contexto social que envolvem os fatos históricos.
O livro traz a reflexão de quais cidadãos formamos quando sugerimos para nossas crianças e adolescentes livros que omitem interesses financeiros das classes dominantes, negam a crueldade da escravidão, o analfabetismo da população e a não participação do povo na decisão da independência.
“…O direito de reunião era vigiado. A educação limitava-se aos níveis mais básicos da população e a uma minoria muito restrita da população. De cada 100 brasileiro, menos de 10 sabiam ler e escrever. As primeiras universidades só apareceriam no começo do século XX. O salário de um professor de 70 mil reis anuais, equivalia a um terço do que se pagava a um feitor de escravos.”
Trecho do Livro 1822 de Laurentino Gomes
O livro retrata os interesses de grupos, especialmente os da classe dominante que contribuíram para o desfecho do Grito da Independência às Margens do Rio Ipiranga naquele 7 de Setembro.
Participar do Grupo com mulheres inteligentes e empoderadas, enriquece nossa percepção sobre o livro e temas relacionados. Da nossa Roda de Leitura, tomo emprestado algumas palavras e observações:
Um detalhe importante no livro é que ao final de cada capítulo, o autor coloca Notas de Rodapé com a bibliografia consultada.
Destacamos a personalidade da Imperatriz Leopoldina, princesa austríaca que incorpora a personalidade brasileira, adota a cidadania e ganha o codinome de “mãe dos brasileiros”. Culta, conhecia várias línguas e contribuiu para o início da ciência no Pais ao trazer em sua comitiva, profissionais médicos, zoólogos, entre outros. Estadista, nos bastidores arquitetou o processo de independência.
D. Pedro I, um Imperador com as suas humanidades, com feitos grandiosos e atitudes pouco recomendadas para os valores daquela época. Em um trecho do livro, o autor o descreve como “um meteoro que cruzou os céus da história numa noite turbulenta…viveu apenas 35 anos, mas tornou-se um um enigma que permanece nos livros e nas obras populares que inspirou. Raros personagens passaram para a posteridade motivando opiniões tão controversas.”
José Bonifácio de Andrade, braço direito de D. Pedro homem com uma visão à frente do seu tempo, defendia o meio ambiente, a reforma agrária, a substituição do latifúndio improdutivo por pequenas propriedades familiares. Defendia a educação primária para todos e a criação de universidade para ensino de Medicina, Ciências Naturais, direito e economia. Abolicionista convicto, nunca teve escravos, defendia a liberdade e inclusão à sociedade como cidadãos ativos e com plenos direitos.
Outros livros do autor: 1808 e 1889.
Se você já leu o livro, deixe nos comentários suas impressões, e se não o fez, deixamos aqui uma indicação de uma boa leitura.
2 comentários
Muito bom!!!
Parabéns Cida! Vc foi brilhante e concisa sobre esse livro que é maravilhoso, uma leitura fácil e agradável. Super recomendo!