Depois dos cinquenta
A gente acorda todo torto
Quase ninguém aguenta
Porque dói o corpo todo
É câimbra nas pernas
Estalido nas patelas
E incontáveis varizes
Dor nas articulações
Fisgada nos tendões
E horríveis cicatrizes.
É espinhela caída
Dor nos quartos
Nó nas tripas
Esporão de galo
Bico de papagaio
Tonteira, desmaio
Verruga no nariz
No peito batedeira
Na cabeça leseira
E pedra nos rins.
Quando a gente fica coroa
É tanta dor no corpo
Que cai no sono à toa
Temendo acordar morto
E toda manhã levanta
Com secura na garganta
E sente o maior alívio
Quando olha no espelho
E vê que está mais velho
Mas que ainda está vivo.
Eduardo de Paula Barreto – Escritor
Livros Publicados: O Poetizador, Animus, Meus Aforismos, O Manipulador de Emoções, Manchetes e Versos, Argumentos, Meus Pensamentos, Nossos Mistérios, Poetizando a Natureza, Cotidiano, Fazendo Lambanças, Amor.
Intitula-se como uma pessoa que não se contenta com os cinco sentidos, por isso escreve poemas.
Capa: Imagem de Roger YI por Pixabay
2 comentários
Excelente… Me sinto em casa..rsrr Quando puder, marcarei um café com vocês…
Estamos em casa. Gosto do final do poema quando o autor nos lembra a importância de estarmos vivos (apesar das tantas dores). E ai incluo as dores emocionais, existenciais, espirituais. As dores que são os desafios da vida e nos fazem o contraponto para o bem viver aos 50, 60, 70 e mais.