Estamos vivendo a perda de um animal de estimação – o Arthur da Távola Redonda, mais conhecido como Tatá. Um “carinha” que chegou aqui em casa com 45 dias de vida, em uma caixa de papelão reutilizada do que deveria ter sido uma cesta de Natal.
Chegou e, entre chinelos comidos e xixis fora do lugar foi se apropriando do nosso coração e nos tornando reféns do seu amor. Um presente de Natal especial que permaneceu em nossas vidas por 14 anos.
E como o ciclo de vida dos animais de estimação é menor que o nosso, estamos agora vivendo a dor de sua perda e as lágrimas jorram dos olhos como água brotando de um pântano.
Há pessoas que acham estranho este desconsolo e choro tão espontâneo. Não compreendem que a perda de um animal causa um impacto emocional na vida de outras pessoas. Os animais nos ensinam o amor em sua forma mais pura e plena. Perdê-los é sepultar um pouquinho do nosso coração.
A dor é intensa, profunda, inexplicável e prolongada. Nós nos conectamos a eles pelo amor, fazem parte da história da nossa família, estiveram presentes em muitos momentos especiais de alegria ou de dor.
Embora a razão diga: – “Ele cumpriu sua missão“, – “Agora ele está bem!”, – “Foi um animalzinho feliz!”, – “Ele deu e ganhou tanto amor!”, -“Você hoje está entregando uma estrelinha para o Universo!“, a experiência de perder um animal de estimação traz sentimentos de dor comparado ao luto pela perda de uma pessoa querida, e como tal precisa ser vivido, respeitado e elaborado.
Os animais oferecem amor, lealdade, muitas vezes maior do que recebemos de outros seres humanos. Há pessoas que vivem sozinhas e a companhia do animal representa o vínculo afetivo mais íntimo. Sua perda causará um impacto extremamente forte.
Além da dor da perda, é muito comum surgir sentimentos de frustração e culpa. “Será que se eu tivesse feito diferente poderia tê-lo poupado?” “Fizemos todo o esforço necessário?”
Lidar com o sofrimento dele (e o nosso) no processo de adoecimento que antecipa sua morte não é nada fácil. Significa lidar com a impotência diante da finitude da vida.
Nada podemos fazer a não ser cuidar, confiar no médico veterinário e utilizar todos os recursos disponíveis para ajudar ao nosso amigo de 4 patas, desde que os procedimentos não lhe causem mais sofrimento.
O vínculo familiar e a participação dos animais dentro da família tem mudado ao longo das gerações, hoje a estrutura para lidar com a morte e sepultamento de animais de estimação é maior. Temos a possibilidade de funerais, cemitérios especializados, cremação. Minha neta canina que antecedeu o Tatá em apenas 25 dias foi cremada.
Como entender e superar a dor da perda de um animal de estimação
Valide seus sentimentos
Não se preocupe com o que as pessoas pensam ou dizem ou se não compreendem seu luto. Expresse seus sentimentos, sua dor. Faça o que seu coração pedir: chore (o choro alivia), converse com pessoas que podem te apoiar neste momento de dor.
Lembre-se que o sofrimento (dele e o seu) acabou. Agora é preciso lidar apenas com a dor da saudade.
Seja paciente com você mesmo, dê-se o tempo que for necessário. Nos primeiros dias ou semanas você ficará muito triste mas saiba que isto vai passar e você vai ficar bem. Aos poucos vá retomando a sua vida rotineira.
Não se culpe
Você deu o seu melhor? Cuidou do animalzinho com carinho e zelo? Não se culpe pelo o que aconteceu ou pela forma como aconteceu. Perdoe-se!
Doe objetos de uso do animal
Aos poucos vá se desfazendo de objetos, alimentos, brinquedos. Há pessoas, animais e instituições que podem se beneficiar com suas doações.
Mantenha seu coração conectado ao amor
Pense em como o seu animal gostaria de vê-lo – leve, confiante e alegre. Guarde em seu coração a conexão entre vocês. Pense que este vínculo te dará forças para prosseguir. Substitua os pensamentos negativos pelas lembranças dos bons momentos que viveram. Agradeça a oportunidade de ter sentido um amor tão puro e sublime.
Ele foi para outra dimensão mas permanecerá para sempre em seu coração.
Espere um tempo para adotar outro animal
Tranquilize seu coração primeiro. Lembre-se que outro animal não substituirá o que perdeu. Ele é único! Quando estiver pronto e se o desejar, traga outro que poderá participar e construir uma nova vida com você.
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5 comentários
Sei bem o que é essa dor, Cida.
Os animais só querem nos dar amor. Ensinam tanta coisa que os humanos não estão acostumados…
Fico triste, muito triste, e indignado quando vejo humanos maltratando animais. Alguns humanos até utilizam o espancamento como forma de “ensinar” animais, imagine! E não são ignorantes das letras, não. Conheci alguns que passaram por universidades que usavam essa “didática” da violência e nunca perceberam que eles, os animais, é que nos ensinam com seus gestos, seus olhares, sua maneira de amar incondicionalmente.
Belo post você fez.
Amigo, se eu pudesse estenderia a vida deste meu amigo por muito mais tempo. O que me consola é que este “carinha” teve uma vida feliz, protegido e muito amado! ❤️
Gratidão por seu comentário! Bem sabes, escrevo o que me vai ao coração. É um jeito de elaborar a minha própria vida!
Ah! Lamento por humanos que não aprendem nada com os animais! 🤗
Texto perfeito!! Traduziu exatamente minha forma de pensar.
Perdi minha filhota em setembro e estou vivenciando um luto desde então, inclusive, fisicamente já que o tratamento dela envolvia um certo esforço físico de levanta-la para fazer soro 2 vezes ao dia. Mas felizmente rezei muito e ela se foi sem sofrer tanto, minha única preocupação era de que não tivesse dor ou sofrimento pra fazer a passagem.
Hoje em dia sempre me perguntam “não vai pegar outro?”. Minha resposta é de que meu coração ainda não está cicatrizado e de que não é a hora ainda…
Leticia, nosso coração se une neste momento! Que Deus ajude você a superar este luto e que esteja pronta em breve para viver outras experiências baseada no amor que você construiu com este ser especial. Obrigada pelo seu comentário, viu? Um grande abraço!
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