Não só de alegrias vive o homem. A vida é como uma montanha russa com altos e baixos, avanços e percalços. A medida que envelhecemos é sabedoria encarar de forma realista e corajosa as fases mais complicadas, vivendo-as e permitindo que as melhores se aproximem.
Na matéria de hoje proponho pensar sobre como podemos ajudar um amigo em luto. Podemos apenas dizer Meus sentimentos e tocar nossa vida ou podemos parar e cuidar melhor de uma situação assim.
Convido você a vir comigo:
Ao publicarmos no blog a matéria sobre a importância de compreender, elaborar o luto e reinventar a vida recebemos comentários de várias pessoas relatando as dificuldades de quem está vivenciando esse momento.
Em um deles Fátima Maria Campelo do Rio de Janeiro escreve:
A dor da perda é uma dor sem nome.
A dor da perda é uma dor inimaginável para quem não a está vivendo. Dai vem a pergunta – se não consigo saber a dimensão dessa tristeza como posso ajudar um amigo ou familiar que esteja passando por isso?
Compreender, colocar-se no lugar do outro e apoiar – responderiam alguns. É simples mas não é fácil. É complicado suportar a própria dor de ver alguém que amamos em sofrimento. Nosso ímpeto é sugerir caminhos que possam abreviar esse processo, que ajudem a pessoa na superação do luto.
Estar diante da dor do outro as vezes paralisa ou provoca reações nem sempre bem vindas. Quem já não se sentiu constrangido e sem saber o que dizer e o que fazer diante da tristeza de alguém querido?
Conversando, minha filha Gabriela sugeriu um vídeo que aborda o assunto de um jeito simples mas que traz umas dicas bem interessantes.
Cuidados que devemos ter em mente para ajudar um amigo em luto:
- A elaboração do luto não tem um limite de tempo – algumas pessoas nunca se recuperam totalmente da perda de um ente querido. Aprendem a conviver com isso. Então, não a apresse.
- O melhor que tem a fazer é se aproximar dele ou dela. Estenda sua mão.
- Admita que você não sabe o que dizer nem o que fazer mas que você está disponível e presente para ela.
- Faça perguntas do tipo: Quer conversar sobre o assunto? Caso a resposta seja negativa, silencie.
- Ouça a pessoa e pergunte sobre o que ela quer fazer: Como você está, o que quer fazer?
- Se um amigo em luto não tem aparecido muito, apesar de ser compreensível, pode ser preocupante. As vezes a pessoa pode não estar pronta para socializar mas importante sentir que é querida. Convide-a para um café ou um evento, dizendo – eu compreendo a situação que você está passando, mas quero que saiba que ficaria muito feliz com sua presença.
- Se ela morar próximo você pode levar comida, se oferecer para passear com os cachorros. Cuidar da vida prática e do corpo físico, sem tentar consertar o luto.
- É preciso encarar o luto de uma forma mais realista. Acompanhe seu amigo em luto. Diga: Está tudo bem que você não está bem.
- Dê escolhas. Lembre-se que muitas delas podem ter sido tiradas com a morte da outro.
O luto assusta e tentamos muitas vezes apagar a dor ao invés de apoiar a pessoa. É natural ficarmos meio atrapalhados e dizer coisas que não deveriam ser ditas, mas é possível avaliar o que estamos dizendo.
Situações que devem ser evitadas ao lidar com alguém em luto:
- Não tente consertar, luto não é doença que se cura. Tratar luto como uma doença pode soar como uma desconsideração ao que o outro está sentindo.
- Frases como: Pelo menos ele morreu fazendo aquilo que ele gostava devem ser evitadas. Ditados populares ou frases prontas, por mais bem intencionadas não ajudam e nem diminuem a dor.
- Você pode não perceber mas dizer algo como isso é como se estivesse fazendo vista grossa para a dor daquele momento e propor para pessoa se conformar e se curar. Como se batesse palma e dissesse – a dor se foi.
- Não acelerar pela melhora. Esse é um aspecto importante. Permita que o outro viva seu momento.
- Coisas do tipo: você deveria mudar de casa devem ser evitadas. Evite sugerir o que você acha que ela deva fazer.
- Não a repreenda por seu sofrimento. Não julgue.
Como agir quando alguém próximo está morrendo:
Tente compreender o que a pessoa gostaria naquele momento. Se ela quer que você repita para que continue lutando, faca-o. Mas evite dizer isso quando sentir que a pessoa quer apenas sua companhia. Seja sua companhia.
Você não precisa dizer tudo. O objetivo é devolver o controle para essa pessoa e estar disposta a ficar do lado dela no momento que pode ser um período aterrorizante em sua vida.
Pergunte: O que você gostaria de fazer nesse momento?
É simplesmente ter a fortaleza e humildade de acompanhar alguém em sua dor na forma que for melhor para ela.
Lembre-se que você também vai passar por luto e que as pessoas próximas a você também vão passar por isso.
A morte é a única certeza que temos. É condição natural de estar vivo. Precisamos aprender uma forma mais realista de lidar com tudo isso.
Foto: varunkul01 – Pixabay
Dicas extraídas do vídeo: HELPING A FRIEND THROUGH GRIEF
Foto de Capa: zviko – Pixabay
2 comentários
Oi Cida, estou de volta rs..rs..
Gostei muito desse post e o interessante é que ontem eu estava vendo uns vídeos de uma médica que trata muito de assuntos como morte e luto. Você com certeza deve conhecer. Ela se chama Dra. Ana Claudia de Lima Quintana Arantes, médica formada pela USP com residência em Geriatria e Gerontologia no Hospital das Clínicas, graduada em Psicologia Intervenções em Luto pelo Instituto 4 Estações de Psicologia, especializada em cuidados paliativos.
Oi Lourdes. Bom tê-la de volta. Vi esses vídeos sim. Muito interessantes. Ela discute terminalidade que também é complicado para lidar, não é? É difícil encarar a morte. Não aprendemos isso em nossa sociedade. Abração