Saiba mais sobre Burnout – Síndrome do Esgotamento Profissional

Muitas vezes me surpreendi com a presença do Israel em grupos de dança circular por onde ando. Aguçava minha curiosidade pensar – quem seria este professor de matemática que dança de mãos dadas com sua esposa em um universo tão predominantemente feminino?

Ele e a esposa Betania são focalizadores de Dança Circular Sagrada – o casal mantém um trabalho voluntário no Parque Linear de Itaquera, Zona Leste de São Paulo.

Em uma certa roda de dança ele comenta ao grupo:

Eu estava em sala de aula quando um aluno apontou uma arma para minha cabeça. Depois disto, não sei o que aconteceu comigo, não era depressão, mas me tranquei dentro de casa, via minha esposa saindo e eu não tinha forças para acompanhá-la. Comia e dormia até que engordei 35 quilos em pouco tempo. As pessoas falavam comigo mas eu demorei a reagir. Finalmente comecei a despertar e perceber que para retomar, precisava primeiro emagrecer e buscar outras formas de ver a vida .

Israel Mendonça – Professor de Matemática e focalizador de Dança Circular

O que aconteceu com Israel é muito comum – alguém que trabalha em situação de estresse contínuo, o corpo até dá sinais de cansaço, porém a pessoa ignora, acha que dá conta e vai tocando. 🙁

O ato de violência que sofreu desencadeou o ponto máximo do esgotamento conhecido como Síndrome de Burnout – um distúrbio caracterizado pelo esgotamento físico, mental e psíquico de uma pessoa. É aquela hora que a gente “quebra” e o corpo pede atenção e cuidados.

E isto não é estafa – na estafa depois de uma noite de descanso, a pessoa estará pronta para um novo dia. Na síndrome de Burnout este esgotamento é crônico e apresenta algumas comprometimentos na saúde física, psíquica e mental do trabalhador.

Há sempre dois fatores envolvidos no processo de adoecimento e esgotamento profissional: um ambiente que oprime e uma pessoa sensível à esta opressão.

Ambiente de Trabalho com alta Sobrecarga

Pessoas que trabalham com público, ambientes com rotinas extenuantes, cobrança excessivas estão mais propensos à síndrome. Professores como o Israel e Profissionais de Saúde são categorias de trabalho que apresentam alto risco de adoecer por esgotamento.

O trabalhador

É preciso olhar com cuidado para esta questão. Há empresas, famílias que colocam a responsabilidade no profissional, como se ele tivesse que criar sozinho, recursos internos para dar conta do ambiente de trabalho, por mais tóxico que seja. Já diziam nossos pais – “uma andorinha sozinha não faz verão”.

Há pessoas que gostam do que faz, estão em um ambiente seguro mas colocam sobre si uma pressão interna que também adoece. O problema está na forma como nos relacionamos com o trabalho, como a empresa trata seus profissionais e como se dá a relação humana dentro da equipe.

É complexo e todos os fatores precisam ser observados e tratados. O profissional tem sim sua responsabilidade, inclusive de mudar de atividade, local ou profissão, mas há ambientes de trabalho detonadores que precisam ser melhorados para a recuperação da saúde do trabalhador. E todos ganham com isto, inclusive a empresa.

Importante:

Embora esta doença esteja associada ao desgaste profissional, ela se estende à todos os tipos de trabalho, incluindo os domésticos, o cuidado com familiares doentes.

Sinais de Alerta para a Síndrome de Burnout

Principais Sintomas da Síndrome de Burnout:

• Fadiga, cansaço constante,
• Distúrbio do sono,
• Falta de libido,
• Dores musculares e de cabeça,
• Alteração de Humor e de memória
• Dificuldade de concentração
• Falta de apetite,
• Perda de Iniciativa
• Doenças físicas como: taquicardia, náuseas, bruxismo, hipertensão.

Em alguns casos a pessoa pode tentar aliviar os sintomas da Síndrome de Burnout com consumo de cigarros, bebidas e outras substâncias. Apenas anestesia a dor, adia o diagnóstico e retarda o tratamento.

Mas há saídas

É preciso acreditar sempre e procurar ajuda:

• Buscar tratamento mais rápido possível, com psicólogo e psiquiatra se necessário – A terapia ajuda a entender porque você deixou chegar a este ponto, criar alternativas para lidar melhor com as situações e avaliar outras possibilidades de trabalho;
• Conversar sobre o assunto – principalmente com a empresa, colegas de trabalho e chefias;
• Procurar sair da rotina de casa-trabalho-casa;
• Buscar atividades de lazer e atividades físicas;
• Manter hobbies e atividades anti-stress – meditação, contato com a natureza, pisar na terra descalço, abraçar uma árvore, fazer Dança Circular com o Israel e sua esposa;
• Se possível fazer uma pausa no trabalho – férias, licença médica.

Hoje o professor Israel está muito bem, continua trabalhando com educação pública em outra área de sua escolha, ensaia coreografias da dança com a dedicação e precisão de um professor de matemática e está sempre disponível a beneficiar pessoas com esta técnica de dança terapêutica.

Agradeço imensamente ao casal pela oportunidade de conviver e dançar com eles e pela contribuição no desenvolvimento deste tema.