Na lavoura dessa vida, desde cedo pelejei,
recordo cada semente, que na terra sepultei.
E tive que aprender, que eu só podia colher,
aquilo que plantei.
Aprendi que muito cedo, que o cabra já é testado,
pois sempre tem dois caminhos, frente a frente, lado a lado.
E a gente tem que escolher, a estrada percorrer,
e o caminho a ser trilhado.
Não sou culto, nem letrado, vermelho falo vremeio
Caminho de pés no chão,
e não acho isso feio.
Feio é quem não aprendeu
a cuidar do que é seu
pra cobiçar o alheio.
Eu já vi muita família passando por precisão,
cinco, sete, dez filhos numa seca no sertão,
no meio da desigualdade,
vencendo a dificuldade,
e nenhum vira ladrão.
Todo dia eu peço a Deus,
saúde para trabalhar,
que me dê sabedoria e coragem pra lutar,
e que eu perceba sim, que só vem até mim,
aquilo que eu buscar.
Que eu não sinta inveja da riqueza de ninguém,
e se um dia eu enricar,
que eu não esqueça também,
que granfino ou da ralé,
a gente é o que é,
e não aquilo que têm.
Aquilo que tem valor,
dinheiro nenhum vai comprar.
Sentimentos, Atitudes,
histórias para contar,
todo o resto é passageiro,
e no dia derradeiro,
ninguém consegue levar.
Será mesmo que compensa ter barco,
moto, carrão,
ter conforto e segurança morando numa mansão?
Mas quando olhar para o espelho,
dá de cara com um ladrão?
E olhando pro espelho,
refletir na consciência,
é que a gente descobre sem precisar de ciência,
com toda simplicidade,
que caráter e honestidade,
vem de dentro da essência,
e é justo essa essência,
que mostra nossa beleza.
Seja o cabra rico ou pobre,
plebeu ou da realeza,
ter na conta honestidade,
é nossa maior riqueza.
Por Bráulio Bessa