Em uma das reuniões de família ouvimos nosso sobrinho Gustavo contando sobre as peripécias de infância quando encontrava-se com os primos e os maiores tocavam a campainha dos apartamentos e desciam correndo as escadas do prédio.
Em sua divertida descrição fica claro o misto de alegria e aventura de escapar andar por andar e o medo de ser descoberto. A adrenalina era maior para ele – por ser menor e não conseguir acompanhar os mais velhos.
Essa é uma brincadeira antiga que atravessa gerações, das casas do bairro aos apartamentos. Divertida e assustadora.
Tocar a campainha de desconhecidos e sair correndo poderia ser apenas uma brincadeira divertida de criança e ter ficado no passado, mas quantas vezes insistimos em tocar a campainha de portas fechadas? Com dedos desafinados – as vezes hesitante onde o toque sequer é ouvido, outras vezes exagerado que assusta o morador.
Não importa quem está do outro lado da porta. Se filho adulto, namorado, amigo, irmão, sobrinho ou tio. Tampouco importa as razões pelas quais não pode te receber.
Importa (e muito) o que você faz diante da impotência de querer estar junto com alguém que naquele momento não pode ou não quer estar com você.
Não se entristeça e nem se encha de amarguras. Respeite! Separe o seu sentimento do sentimento de outra pessoa. Nem tudo acontece por descuido à você. Tente compreender o momento do outro e permitir que ele resolva suas próprias questões.
Os encontros humanos positivos acontecem quase que por acaso e não exigem grau de parentesco ou compromisso prévio. Não feche você mesmo, as portas porque na ciranda da vida os desencontros de hoje podem tornar-se encontros amanhã.
Não deixe que o sabor da brincadeira de criança ceda lugar ao dissabor de transformar sua vida em ressentimentos e sensações de desamor e desalento.
Mude o foco para seu cuidado pessoal. Toque a campainha do seu ginecologista, dentista, dermato, cabeleireiro. Não feche você mesmo a sua porta. Haverá outros momentos e outras campainhas a serem tocadas e portas prontas para serem abertas.
Em portas fechadas também podemos aprender. Podemos refletir sobre a forma como estamos lidando com nossos sentimentos e relacionamentos e contribuir para nossa evolução mental e espiritual. Seja luz para você mesmo. Atente para a poesia que se desvenda de sua alma.
Medite!! O melhor diálogo é aquele que você faz com você mesmo. No silêncio da meditação e na sinceridade de sua oração. Esse diálogo te prepara para olhar para outras possibilidades na vida.
Desocupe-se dos outros. Agende várias horas do dia para você mesmo. Foque no seu interior. Receba bem essa visita ilustre: VOCÊ MESMO.
Por: Maria Aparecida Costa
Foto: Pixabay
Foto de Capa: Pixabay
1 comentário
Maria Aparecida, sua palavras vieram em momento muito propício! Apesar de já ter percebido o quanto estava insistindo em tocar a campainha, e dar o primeiro passo para mudar minha atitude, ao ler esse texto me dá forças para mudar meu caminho, e me abrir para o novo! Afinal um Ano Novo também merece atitudes renovadas!!!