Quando os filhos transformam-se em borboletas e voam livres

por Mª Aparecida Costa

Conservo na parede do quarto das minhas filhas adultas (agora transformado em escritório) duas borboletas pintadas em MDF. Nas cores lilás e roxo contrastam com a parede branca e lembram a forma pouco elaborada que lidei com a síndrome do ninho vazio quando se mudaram.

Filho é para sempre, a gente quer ver, tocar, estar junto, falar de amor e de saudade. Filho parece extensão do nosso próprio ser. Só que não são. Filhos são seres independentes.

Sentir saudades é natural, o que não é natural é permitir que esse sentimento petrifique nosso coração e nem que o vislumbre de seus voos transformem-se em ressentimentos.

Mas coração de mãe é assim mesmo, a saudade insiste em bater e como antídoto para não deixa-la fazer morada na alma, gosto de me debruçar no parapeito da janela, em fins de tarde, e imaginar o voo das minhas meninas transformadas em borboletas confiantes, cheias de luz e ânsia de viver… a própria vida!

Percebo que o tempo e dedicação na infância e o “trabalho” na adolescência renderam frutos maravilhosos. Como recompensa tenho a oportunidade de admirar o colorido do farfalhar de suas asas independentes.  E o sapatinho rosa de bebe “esquecido” na caixa de bijuterias já não representa a saudade do cheirinho de bebe, transformou-se em orgulho pela segurança de seus passos.

É assim o ciclo da vida e precisa ser ouvido. É hora de vivermos o amor e a gratidão e voltar a atenção ao nosso próprio cuidado.

Deixar que as borboletas saiam do casulo materno e voem livremente e sem culpas para onde o alcance de suas asas permitir. E que  aquilo que chamo de saudades jamais prenda seus voos e nem as impeça de assumir as responsabilidades pelo alcance de suas asas.

Foto de Capa: Pixabay

Por: Maria Aparecida Costa

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