O que dizer ao amigo cão, que depois de dias de cochilos intermináveis em um cantinho de sol no jardim, decide solicitar companhia as 2 horas de todas as manhãs?
Tatá, filhote canino parece pensar que é da família dos lobos, uiva, chora, reclama. Qual o motivo de tanta queixa? Seria briga entre os irmãos caninos? Divisão da casinha? Gato invasor? Depois de muita insistência, quando você vê que não tem mais jeito, desce as escadas meio trôpega para verificar o que aconteceu e vê um idoso canino, deitado em sua casinha, bem protegido, uivando e olhando para as escadas, esperando companhia.
Olha nos seus olhos… E essa troca de olhar parece tão mágica que supre qualquer necessidade e faz desaparecer toda urgência. Que inquietude é essa que se aquieta com um olhar?
Amigo cão, quem dera pudéssemos dividir o cantinho de sol no jardim, cochilando juntos o dia inteiro. Quem dera pudesse subir as escadas de volta ao meu quarto e emendar o sono com um remendo imperceptível.
Quem dera, amigo cão, pudesse compreender o que me diz com seu olhar. Talvez esteja tentando me dizer que já não está mais garboso como há anos atrás e que a idade afeta e transforma, a todos, de alguma forma.
2 comentários
Que texto gostoso de ler, mãe! <3
Verdadeiro e emocionante esse texto que fala de nossos amigos, que percebem nossas tristezas e com olhar nos conforta