Romã: Nutrição além da Tradição

por Edina A T Trovões

A romã (Punica granatum L.) é uma daquelas frutas que não precisa de propaganda para realçar seu valor.

Considerada sagrada por muitas civilizações há mais de 2000 anos antes de Cristo tem suas propriedades terapêuticas descritas no papiro de Ebers, um papiro médico egípcio que data de cerca de 1550 a.C. Na antiguidade era usada como remédio anti-inflamatório e anti-helmíntico por Dioscorides e outros naturalistas.

A beleza de seu arbusto, flores e frutas simbolizavam sanidade, fertilidade e abundância, provavelmente devido a sua cor e as numerosas sementes. Elas eram usadas em rituais na Pérsia antiga.

Para os gregos representava vida, renascimento e indissolubilidade do casamento.

Para os Japoneses ela é conhecida como Kishimojin, usada para estimular a fertilidade.

Na China e no Islamismo a romã é símbolo de fertilidade e abundância.

Para os cristãos representa ressurreição, vida eterna e fertilidade.

Nas festas de final de ano, após o consumo da fruta, tem-se por tradição guardar as sementes na carteira para trazer sorte, saúde e dinheiro.

Com a modernidade, a ciência estudou suas partes separadamente: casca, polpa e sementes. Identificou seus compostos fitoterápicos e nutricionais, comprovando os motivos de tantos atributos.

As cascas das raízes contêm alcaloides com propriedades anti-helmínticas, que mata parasitas do intestino.

Já a casca da romã é rica em taninos, antocianinas, alcaloides e triterpenos. Muito utilizada na fitoterapia, esses compostos têm ação:

  • Anti-inflamatória,
  • Antisséptica da boca, garganta e pele,
  • Auxilia no tratamento de afecções urinárias (banho de assento),
  • Cicatrizante e anestésica local,
  • Antidiarreico,
  • Alívio de enxaqueca,
  • Controle do diabetes.

Do lado da nutrição, o arilo da fruta (envoltório sumoso das sementes) é magistral em outras qualidades.

Contém taninos elágicos responsáveis pela coloração vermelha e por sua ação antienvelhecimento, além de flavonoides, antocianinas, ácidos orgânicos, oxalato, cálcio, potássio, ferro e vitamina C.

Segundo Boussaa et al. (2020), a romã é um alimento funcional, capaz de promover um bom estado de saúde graças aos seus componentes.

Veja alguns de seus benefícios:

  • Antioxidante, diminui o processo de envelhecimento celular, dentro e fora do corpo. Por exemplo combate às rugas,
  • Ação anti-inflamatória, combate à inflamação das células e melhora a circulação. Essa combinação é a chave na prevenção e tratamento da celulite, estomatites, gengivites, infecção de garganta e inflamações em geral.
  • Ação quimioprotetora, combate células cancerígenas
  • Ação prebiótica, cuida da saúde do intestino,
  • Hipoglicemiante, ajuda no controle do diabetes
  • Redutor de colesterol, capaz de diminuir as placas de ateroma nos vasos sanguíneos, pois protege a parede interna das veias.

A romã pode ser consumida in natura, como suco, chás, sobremesas e as sementes podem ser utilizadas em saladas. Melhor beber o suco sem adoçar e, se possível, adicione limão, gengibre ou hortelã para potencializar seus benefícios.

Algumas curiosidades:

  • O pesquisador Afaq et al. (2003) alega que os extratos da romã possuem atividades antioxidantes mais altas que as do vinho tinto e do chá verde.
  • A produção do fruto se dá no período de setembro a fevereiro.
  • A romã deve ser colhida no ponto de maturidade adequada já que não amadurece após a colheita.

Edina Aparecida T. Trovões
Nutricionista CRN3-1579
[email protected]
Fone: (11) 2307-1551

Capa: Imagem de Racool_studio no Freepik
Matéria publicada inicialmente em Revista City Penha

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