Não é seguro!
Devido a composição e a combinação de ingredientes, essas bebidas podem causar prejuízo a saúde de crianças e jovens. É importante ficar atento.
Existem as bebidas esportivas, ou também conhecidas por bebidas isotônicas, e as bebidas energéticas. Elas são diferentes na composição, na finalidade e nos efeitos que provocam no corpo.
As bebidas energéticas, como o próprio nome diz, tem a finalidade de aumentar a energia, a base de estimulantes.
Servem para melhorar a resistência física, aumentar a concentração, evitar o sono, proporcionar sensação de bem-estar e estimular o metabolismo. Apresentam cafeína em sua composição, além de taurina, glucose e outras substâncias.
Já as bebidas isotônicas servem para repor as perdas de água e eletrólitos que são eliminados pelo suor durante a prática de exercícios.
São chamadas de isotônicas porque sua concentração de eletrólitos se assemelha aos do sangue e plasma. Isso faz com que elas sejam absorvidas rapidamente evitando a desidratação.
Por que não é seguro o consumo dessas bebidas por crianças e adolescentes?
Preocupados com essa questão, o Comitê de Nutrição da Academia Americana de Pediatria, junto com o Conselho de Medicina Esportiva fizeram um longo estudo avaliando esse consumo por crianças e adolescentes e, baseado nos resultados, a Sociedade Brasileira de Pediatria em 16 de maio de 2022 publicou um documento científico com as seguintes orientações:
A ingestão de bebidas energéticas apresenta riscos potenciais para a saúde principalmente devido ao conteúdo estimulante e, portanto, não são apropriados para crianças e adolescentes praticantes ou não de atividade física.
Além disso, o consumo regular de bebidas esportivas deve ser evitado ou restringido, devido ao seu conteúdo de carboidratos, que pode contribuir para o aumento de peso, bem como para lesões dentárias. Os energéticos e bebidas esportivas possuem um pH ácido (pH 3-4), que associado à presença de ácido cítrico promove desmineralização e erosão dentárias. O estudo de Bartlett e colaboradores demonstrou que ocorreu erosão no esmalte do dente em 57% dos jovens entre 11 a 14 anos de idade.
As bebidas esportivas devem ser consumidas com limitações por crianças e adolescentes atletas. Elas devem ser ingeridas somente quando a atividade física é prolongada e vigorosa e que exige uma reposição rápida de carboidratos e/ou eletrólitos em combinação com água.
Bebida esportiva ou isotônica é necessária e têm sua importância quando bem utilizada, inclusive para reidratação no caso de diarreia, desde que usada em quantidades e por tempo adequados.
O que acontece é que muitas crianças e jovens praticantes de atividade física de rotina, substitui a água por essa bebida para se hidratarem e isso é desnecessário e arriscado.
Um problema maior está no alto consumo de bebida energética, quer seja para hidratação ou diversão. Devido a cafeína e outras substâncias existe o risco de efeitos colaterais graves como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, da secreção gástrica, da temperatura corporal, crises de ansiedade, insônia e até risco de dependência.
Em vários estados do Brasil tramitam projetos de lei que visam proibir a venda, oferta e o consumo de bebidas energéticas a menores de 18 anos, vistos os riscos que esse consumo pode causar. É seguro crianças e jovens consumirem bebidas esportivas e bebidas energéticas?
Edina Aparecida T. Trovões
Nutricionista CRN3-1579
Email: [email protected]
Fone: (11) 2307-1551
Matéria inicialmente publicada em Revista City Penha
Capa: Imagem de Piyapong Saydaung por Pixabay