A História de Vida de Elo

por Mª Aparecida Costa

O que chama a atenção na História de Vida de Elo é sua capacidade de acreditar em mudanças, ousar e reinventar, buscando qualidade de vida, sempre!

Vale a pena ler até o final. Ah vale!!

 Os “re’s” da minha história

“Olhando minha história, vejo que o processo de reinvenção me acompanha. Nasci no Paraná e aos 10 anos mudei para Sampa, após a falência financeira familiar. Com essa idade cuidava da casa, cozinhava para a família- éramos sete! – e estudava.

Sempre gostei de cozinhar, especialmente arroz e bolos. Aos 15, iniciei no mundo do trabalho, em área de recursos humanos. Aos 19, entrei na faculdade de Serviço Social e tive minha primeira grande experiência de confrontar teoria x prática, e aprendi o sentido de complementariedade que estendi para varios aspectos em minha vida pessoal e profissional. Terminei a faculdade, casei, tive filhos – dois homens lindos e “do bem” – meus grandes incentivadores e o símbolo da minha plenitude enquanto ser humano. Maior orgulho dos meus meninos!

Nesse período, filhos pequenos, abandonei minha profissão, o serviço social, e, além de me dedicar  aos filhos, iniciei uma nova fase profissional, trabalhando com a administração geral da empresa do meu marido na época, e mantive essa atividade até 2002, quando, filhos já crescidos, decidi retornar a minha área de formação, o serviço social, e iniciei minha história misturando-a com muitas outras histórias de vidas de crianças que, sem família que pudesse permanecer com elas, encontravam-se (alguns ainda se encontram) acolhidos na Tenda de Cristo/Gente Feliz.

Grande história, muito profunda, envolvente, sofrida, feliz, repleta de afeto e de amor compartilhado. História que escrevo coletivamente todos os dias, até hoje. Os meus anos à frente da Tenda de Cristo, responsável, junto com a Edna, por reescrever e ressignificar tantas e tantas histórias, a cada vez me envolvendo mais e mais com o direito a dignidade humana e a justiça social, certamente que me tornaram uma pessoa mais forte, mais lutadora e fortaleceram meus ideais e convicções, muitas vezes revistos e redesenhados.

Mas, faz parte da minha historia o movimento de mudança, de reviravolta, de reinvenção e eis que, após uma experiência muito gostosa, com um restaurante de temporada em Florianópolis, do qual fui sócia, unindo praia e comida, duas paixões, decidi fazer gastronomia! O maior estímulo, confesso, foi o tempo de duração do curso: 2 anos, graduação tecnológica – a questão tempo, aos 49 anos, é de fato muito relevante! Nessa fase da vida, com os filhos já adultos e voando por conta própria, o grande movimento  em minha vida tem sido explorar as diversas formas de prazer e o acesso a elas. A comida representa, para mim, uma dessas formas, e aprimorar e saber manejar o prazer é uma relevante ferramenta!

Mais do que o prazer de aprender, de exercitar a criatividade cozinhando, de desenvolver novas habilidades gustativas e olfativas, e de trabalhar com a beleza na apresentação de um prato, fazer a faculdade de gastronomia representa o reencontro com meu movimento repetitivo de mudança (paradoxal, né?) e agora, depois de tantos anos atuando na minha área de formação inicial, eis que me deparo com o desafio de pensar em meu futuro e, querendo unir muito do que gosto, criar meu “infinito particular” (Marisa Monte que me perdoe a livre interpretação e utilização): praia, mar sol, aconchego, comida boa e caprichada – quero meu restaurante na praia! E no Nordeste, com sol garantido o ano todo! ‘Bora procurar onde! Que onda!

Todos ficam desde já convidados a desfrutar do prazer de degustar uma refeição elaborada com muito afeto e criatividade dentro de um ambiente aconchegante e acolhedor, numa praia a ser escolhida e, num futuro que espero não muito distante, com todos compartilhada.”

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