Fiz esta foto do meu marido semana passada, quando percebi que ele estava sempre de costas para mim. Nada dizia, apenas virava o corpo enquanto jogava no celular.
Quanto mais o observava mais estranha sua atitude me parecia. Compreendi depois que ele estava ensimesmado – voltado para dentro de si mesmo, organizando os próprios sentimentos.
Este fato me fez refletir sobre os vários aspectos da vida conjugal, as diferenças individuais, que se tornam um desafio maior em época de isolamento social.
Há informações que o isolamento domiciliar em várias partes do mundo, tem aumentando os casos de violência doméstica e também de divórcios.
É preciso reconhecer que a convivência a dois fica mais fácil quando ambos estão tranquilos e satisfeitos com a própria vida. Bom chegar em casa, depois de uma atividade prazerosa e preparar juntos a refeição. Compartilhar a leveza e a felicidade do encontro com a família e com os amigos, sem medo.
Com o isolamento, a forma como cada um de nós lida com momentos de alegria, gratidão, medos ou frustrações tendem a se intensificar e se permitirmos o domínio de algumas destas emoções, as coisas podem fugir do controle.
É preciso atentar para:
Cuidar de si mesmo
O primeiro grande encontro tem que ser conosco. É cômodo responsabilizar o outro por nossas alegrias e mazelas, mas a verdadeira responsabilidade pelo nosso bem estar é nossa.
Sozinhos, a dois, com crianças ou em famílias mais numerosas, a verdade é que cada um, individualmente precisa compreender que estamos vivendo uma situação de extremo estresse, por tempo prolongado e buscar alternativas para gerenciar as emoções, o tempo e a própria rotina.
Ser mais tolerante
Tolerância é o exercício de tentar compreender o outro com os olhos do outro e reconhecer que ele possa pensar e sentir diferente de mim – mesmo que eu não concorde.
Reconhecer que a pessoa também está vivendo um momento inusitado e tentando lidar, a seu jeito, com os próprios medos e frustrações.
Tolerar não significa submeter-se a situações constrangedoras ou de maus tratos. Tolerar significa respeitar o outro e sobretudo respeitar a si mesmo, valorizando os próprios sentimentos, limites e segurança pessoal.
Precisamos lembrar que uma das principais regras de convivência humana é o respeito mútuo. Para um ambiente pacífico é preciso que todas as pessoas envolvidas contribuam para isto. É preciso reciprocidade.
Dialogar mais
“O Dialogo pressupõe a capacidade de falar sem tom de acusação e ouvir sem julgamento.”
Mara Barella, psicóloga clínica
Não é hora de resolver conflitos antigos. É hora de abrir para conversas amenas, oferecer ombro, manter uma rotina de autocuidado e cuidado recíproco, buscar a própria individualidade mas também procurar atividades que possam ser prazerosas para se fazer juntos.
Isto vai passar e com sabedoria podemos sair mais fortalecidos como pessoa, como casal e como sociedade.
2 comentários
Amei o texto, pena que a maioria dos homens não vão ler.
Pois é! E os relacionamentos são feitos a dois. Difícil uma pessoa fazer pelos dois, não é? Mas façamos nossa parte, (inclusive como queremos viver nossa vida)! Beijos grandes e gratidão por participar do blog. <3