Setembro Amarelo: Como a nutrição pode influenciar na prevenção, controle e alívio dos sintomas da depressão

por Mª Aparecida Costa

O mês de setembro foi eleito para chamar a atenção para os quadros depressivos que muitas vezes levam as pessoas a cometer suicídio. De acordo com a Sociedade Brasileira de psiquiatria, cerca de 96,8% dos casos de suicídio tinham relação com a depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Tratar a depressão pode reduzir o número de suicídios. Além dos medicamentos e acompanhamento psicológico, sabemos que a ingestão adequada de alimentos e nutrientes auxilia na prevenção e no controle dos efeitos da doença, além de auxiliar também na eficácia de alguns medicamentos.

Por décadas, a depressão foi atribuída a baixa quantidade de neurotransmissores cerebrais, principalmente a Serotonina, Noradrenalina e Dopamina.

Hoje já se sabe que há outros fatores presentes, como os genéticos, endócrinos e imunológicos.

A pessoa com depressão acaba apresentando outros problemas de saúde, como má digestão, dores de cabeça, dores no corpo, aumento/perda de peso e até queda de cabelo, e isso pode ser devido aos medicamentos, mudanças na alimentação e no estilo de vida.

E aí começa um ciclo vicioso, a depressão leva a mudanças na alimentação, que pode causar carências nutricionais, que podem ser responsáveis pela baixa ingestão de vitaminas e nutrientes essenciais a produção de neurotransmissores, células e enzimas que controlam o humor e a disposição, piorando o quadro de depressão.

Uma pesquisa publicada no Brazilian Journal of Development, no final de 2020, apresentou um resumo de vários trabalhos publicados nos últimos 10 anos sobre os efeitos da alimentação nos transtornos psicológicos, com destaque à depressão. A ideia foi mostrar os benefícios da dieta para prevenção e controle de sintomas relacionados à depressão e incentivar o uso da nutrição para o tratamento desse mal.

Quais são estes nutrientes?

Magnésio

Essencial para produção de enzimas cerebrais, responsáveis pelos neurotransmissores que trabalham no funcionamento do sistema nervoso central.

Presente na banana, beterraba, abacate, quiabo, nozes, alimentos integrais, cacau e frutos do mar.

Zinco

Aumenta a sobrevivência das células do cérebro. Fontes são carne de boi, de frango, peixe, camarão, ostras, fígado, grãos integrais e castanhas.

Triptofano

Necessário a produção de serotonina, hormônio do bem-estar. Fontes: banana, peixes, laticínios, grão de bico e mel.

Ômega 3

Ele faz parte da constituição da membrana celular do cérebro. É no espaço entre essas membranas que agem os neurotransmissores, transmitindo o impulso nervoso de um neurônio a outro, ou de um neurônio para o músculo ou para uma glândula. Fontes: peixes de água fria como o salmão, arenque, cavala, sardinha e atum.

Vitaminas B6 (piridoxina), Vitamina B9 (ácido fólico), e Vitamina B12 (cobalamina).

Essas vitaminas são importantes para produção de neurotransmissores do sistema nervoso central.

Principais fontes:

B6: encontrados no gérmen de trigo, vísceras, cereais integrais. B9: vísceras, feijões, vegetais de folhas verdes como espinafre, aspargo e brócolis. B12: carnes, vísceras, ovos e leite.

Vitamina D Essencial na produção de noradrenalina. A noradrenalina, ao lado da serotonina, dopamina e adrenalina agem no controle do humor, depressão, ansiedade, sono e capacidade de concentração.

Fontes: gema de ovo, fígado, manteiga e pescados gordos, exposição ao sol e suplementação quando necessária.

Somente o conjunto de alimentos, em quantidade e qualidade adequadas pode garantir as funções do corpo e mente em equilíbrio, porém a presença constante de certos nutrientes podem ser um diferencial no tratamento dos transtornos mentais.

Edina Aparecida T. Trovões
Nutricionista CRN3-1579
E-mail – [email protected] Telefone (11) 2307-1551

Publicado incialmente em Revista City Penha

Capa: Imagem de Please Don’t sell My Artwork AS IS por Pixabay

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