Setembro Amarelo – A importância do Caminhar lado a lado

por Bárbara Bezerra

Por @partilhandosaberes2020

Estamos no setembro amarelo e isso me fez lembrar de uma história que aconteceu em 1962:

Edgard Armond, então presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo, viu uma reportagem no jornal sobre o grupo Samaritano no exterior, um trabalho de acolhimento exercido por voluntários, onde se ouvia pessoas que queriam conversar e entregou o jornal para alguns jovens idealistas da Federação espírita e disse: “Aqui está uma boa oportunidade de trabalho”.

Depois de muitos desafios até se criar o primeiro grupo de voluntários, eles conseguiram uma ajuda importante do DR Pedro Martins, cirurgião-endoscopista do Hospital das clínicas que cuidava de sobreviventes do suicídio, fundou-se então o Centro de Valorização da vida que hoje atende em todo o Brasil pelo número 188, chat, email e atendimento presencial, compreendendo 4200 voluntários e realizando mais de 3 milhões de atendimentos ao ano.

Falar de suicídio pode ser um tabu, mas o fato que conversar abertamente sobre isso pode ser a melhor solução. Normalmente a pessoa que pensa no suicídio quer dar fim ao sofrimento e não à sua vida.

Quando percebermos alguém em necessidade sugiro sermos objetivos na conversa, desta forma:

Oi, eu percebo que você não está bem, gostaria de conversar comigo? Quero te ouvir.

O ideal é não aconselharmos porque precisamos dar espaço para a outra pessoa falar o que pensa. Sentimentos são sentimentos e devemos desconstruir o julgamento do sentimento bom ou ruim.

Por exemplo, se alguém chega pra mim e fala: – Eu estou triste, desanimado 🙁

E se eu falar: – Nossa, não fique assim, o dia está lindo lá fora, olha como a vida é bela, provavelmente não vai ajudar porque a pessoa vai perceber que não está sendo compreendida.

A sugestão é acolher este sentimento de tristeza

Por exemplo: Você gostaria de falar sobre esta tristeza e desânimo?

É o caminhar lado a lado. E mesmo que não entendamos a outra pessoa, ao menos aceitemos a sua condição. Só isso já será de grande ajuda. Quando a pessoa expressa o que está sentindo, consegue compartilhar o que está pensando sem ser julgada,  já não se sente mais sozinha.

Se um amigo te procurar demonstrando esse desejo, dê seu ombro a ele ouvindo-o sem críticas ou conselhos, apenas dando espaço para ele expressar seus sentimentos e necessidades porque assim você dará espaço para a outra pessoa esvaziar o que está dentro dela, sem se sentir culpada ou envergonhada em expressar o que pensa.

Se você perdeu alguém próximo pelo suicídio pode estar se sentindo triste ou decepcionado por não ter impedido esse ato e esteja precisando de compreensão e empatia.

Se você já pensou em suicídio, pode estar relacionado à raiva, tristeza por você estar precisando de compaixão ou justiça, talvez. Procure um amigo para desabafar, ou o CVV no 188 ou pelo site www.cvv.org.br ou mesmo ajuda profissional para que você tenha esse espaço de conversa.

Passamos por perdas e dificuldades e muitas vezes precisamos ressignificar o sentido da nossa vida. Quando buscamos ajuda os desafios podem se tornar mais leves.

Um abraço a todos!

Bárbara Bezerra
Cirurgiã Dentista, mãe do Gabriel e esposa do Fernando, estudiosa da comunicação não-violenta e que tem como hobby fazer caminhada e ler livros.

Capa: Imagem de Luisella Planeta Leoni por Pixabay

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