Mulher no volante, perigo constante?

por Mª Aparecida Costa

Faixa fixada em uma movimentada avenida próximo de casa, informa que esta é nona via em número de mortes no trânsito na cidade de São Paulo.

Estas faixas lembram o Movimento Maio Amarelo, que objetiva conscientizar a população para os altos índices de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo e propõe ações de mobilização social buscando segurança, respeito e empatia no trânsito.

Você sabia que dados do Infosiga SP, apontam que entre os meses de janeiro a agosto de 2020, das pessoas que se envolveram em acidentes de trânsito no Estado de São Paulo, 93,5% eram do sexo masculino?

Você acha que dados como este modificam a forma de pensar e agir das pessoas?

O ato de dirigir envolve questões complexas, não é racional, o humano não é apenas racionalidade, somos e representamos um conjunto de crenças e valores. E para falar de trânsito é preciso pensar na conotação diferente que se dá para homens e mulheres.

O amarelo do movimento simboliza atenção e possibilita trazer à tona velhas concepções no trânsito: “Mulher no volante é perigo constante”?

Vivemos ainda sob influência de valores antigos, crenças que submetem à mulher ao espaço do lar e que persistem mesmo com a apresentação de dados que apontam a capacidade feminina e, até melhor desempenho na prevenção de acidentes.

As mulheres sentem e vivem sob estes preconceitos. Quantas mulheres entregam o volante do próprio carro ao marido ou namorado, mesmo alcoolizados? E os homens, sentem-se diminuídos ao viajar no banco do carona no carro da mulher?

Precisamos pensar que esta é uma moeda de dois lados, o que vulnerabiliza a mulher também vulnerabiliza o homem.

A psicóloga Maria Gedeilda Souza Ferraz, concorda com estas reflexões e acrescenta: – “o trânsito reflete uma expressão da sociedade, de como ela se estrutura, o nível de empatia e respeito entre as pessoas, as buscas de cada um, o cotidiano, a pressa em realizar coisas.  Para que ocorrem mudanças no trânsito são necessárias mudanças no meio social em que vivemos.

Precisamos investir em educação de trânsito na escola, nas comunidades, com discussões que incluam, entre tantas, a competitividade, a desigualdade entre homens e mulheres.”

E você, o que acrescentaria?

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