Triangulação – Tecer comentários a respeito de alguém para outra pessoa

por Mª Aparecida Costa
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Desde muito cedo, conversei com minhas filhas sobre os riscos de falarmos sobre uma delas em sua ausência. Elas aprenderam a lição e me interrompiam à cada uma das minhas “recaídas”: olha a triangulação, mãe! Qual é o nosso combinado? 🙂

Na maior parte das culturas é comum ouvir pais comentando com um filho sobre a irritação com o outro ou sobre um comportamento que considera inadequado. Se “Os costumes de casa vão à praça”, é também comum levarmos esta forma de lidar com conflitos para o trabalho e outros ambientes.

O ato de tecer comentários sobre uma pessoa ausente é conhecido como triangulação. Agir desta forma pode até trazer um alívio imediato, extravasar raiva e ressentimento, sem entrar em conflito direto com o outro.

“Somos todos gregários e temos a necessidade de falar e compartilhar fatos e sentimentos com nossos amigos e familiares. Inevitavelmente, compartilhamos sentimentos e pensamentos que temos com outras pessoas”, diz José Bernardo Magalhães, Psicanalista.

Imagem de Free-Photos por Pixabay

Este ato pode ser de uma escala pequena ao infinito, e fala sobre a inabilidade de diálogo entre duas ou mais pessoas, dificuldades em entender o contexto sobre o ponto de vista do outro e, a partir desta compreensão, conseguir conversar sobre os pontos de discórdia.

A triangulação tem um efeito devastador nas relações familiares, de trabalho e sociais. Não resolve a questão, nos conecta a energias negativas, amplia o conflito, causa um desconforto ético e gera ressentimentos.

Falar na lata o que está pensando ou sentindo no momento da raiva também não é produtivo e nem sempre é aceito pelo outro. Então como se relacionar de forma verdadeira e transparente?

Bem sei que esta não é tarefa fácil. É um ponto de equilíbrio, a assertividade que tenho buscado há tanto tempo. E a tarefa é mão dupla, implica que o outro também pretenda encontrar um ponto de equilíbrio possível para um diálogo que acrescente.

Não levar para o pessoal, um dos quatro compromissos do Livro de Don Miguel Ruiz, me ajuda a lembrar que a atitude do outro fala mais dele do que de mim e facilita experienciar de fato este sentimento de empatia.

Olhar para o outro com os olhos da alma e com generosidade compreender o que motiva tais comportamentos. Posso não concordar, mas compreender dentro do Universo do outro.

E aprender com isto, reforçando aquilo que tem de melhor em mim.

MariaAparecidaCosta

Assistente Social, Educadora em Saúde Pública com especialização em Gerontologia

Capa: Imagem de pasja1000 por Pixabay

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