De menina, vivia ao mesmo tempo, o doce sabor de aniversariar no Natal e o amargo de não ver os colegas de escola cantar Parabéns olhando para meu rosto, que imagino estaria rubro.
Experimentei o contentamento de nascer em uma data tão significativa, ao mesmo tempo, vivi a frustração de ganhar apenas um presente, que nem era costume entre os meus.
E assim entendo a vida, rica em experiências compensatórias, desafios amenizados pela esperança e por infinitas possibilidades, a proximidade da família, o compartilhar de energias positivas, as mãos dadas na roda de dança, os grupos de estudos, o café com as amigas, a hidroginástica, o refazimento.
Na “normalidade” do Natal passado (o dos meus 63 anos), casa cheia, mesa farta, compromissos pessoais desenhados, não cogitei a ação de “alguma bruxa desalinhadora de ciclos” que apertaria a tecla Pause.
Pausa para a normalidade. Era para ser um ano de reinvenção e desta vez em todos os aspectos da vida. Ano de interiorização, de se voltar para dentro das nossas casas, para dentro de nós mesmos. A oportunidade foi dada. E o que aprendemos? Que as nossas convicções são relativas?
Neste Natal (o dos meus 64 anos), aprendi que distanciamento físico é sinônimo de amor, que a verdadeira festa de Natal acontece no interior de cada um, na intimidade da oração, da esperança, da solidariedade, do amor.
Deste amor que brota no coração, inunda o corpo e, em abundância se expande para outros seres. Aprendi que empatia é a palavra da vez e, a partir dela podemos construir um mundo melhor.
Aprendi que a experiência humana mais significativa é o ato de RESPIRAR. A isto, sou grata!