Elisabeth Brambilla, Bethe, Bethinha — psicóloga, parceira, amiga, já no início de nossa carreira profissional no SUS, incentivava-nos a despir a roupa da imparcialidade fortemente atribuída ao profissional de saúde.
Nas discussões de equipe, encorajava-nos a expressar a dor e a angústia ao lidar com situações extremas como o luto vivido pelos profissionais de saúde diante da morte de pessoas atendidas, delicado contato com a finitude humana.
Fase de grande aprendizado humano e profissional, mesclado com alegrias, esperanças em dias melhores e de construção de relações empáticas com outros profissionais e usuários.
Bethinha nos dizia:
É impossível deixar parte de nós na esquina, quando entramos no consultório trazemos nossas histórias, crenças, nossa essência. É preciso olhar com coragem para as vestes de cada um por baixo do jaleco branco.
Elisabeth Brambilla
E aprendemos muito, crescemos como gente.
Juntas compartilhamos saberes, planejamos cursos, ações coletivas e individuais, com veemência defendemos o SUS como um direito. Discutimos saúde da criança, adolescente, mulher, homem, saúde mental, sempre na lógica do atendimento integral e humanizado, da pauta de inclusão da diversidade, na aceitação do plural e do individual.
Sua estratégia — o acolhimento, sua ferramenta — o diálogo. Acostumada a ouvir sua voz defendendo ideias (para grandes públicos, inclusive), intriga vê-la no silêncio do seu ateliê, desenvolvendo habilidades manuais com o mesmo carinho e dedicação.
Veja alguns dos seus trabalhos. Você pode encontrar outros no Instagram @artes_abeth.
Em sua trajetória, aqui descrita resumidamente, Bethe Brambila chama a atenção para a plenitude da vida e nos convida a tirar o jaleco, a vestimenta profissional para finalmente vestir-se de si mesma, com novos olhares, novas perspectivas, novos projetos na reconstrução da identidade pós aposentadoria.
De uma identidade que se conecta com nossa história e que preserve o empenho, paixão, intensidade, dedicação, liberdade, capacidade de crescer e evoluir física, mental e espiritualmente.
O talento da Bethe é o artesanato em madeiras. Ela se conecta com o outro através da arte, convicta de não existir sem a referência do outro.
Nos diz:
O outro me dá referência de quem sou, o que faço, o que posso. Assim vamos nos construindo, formando identidades, que nunca são fixas, são flexíveis. Para outras pessoas o talento pode ser costura, gastronomia, viagens, pesquisa.
Elisabeth Brambilla
E para você, qual o seu(s) talento(s)?
3 comentários
Feliz em ter trabalhado com essa pessoa incrível que é Beth Brambilla! Vamos nos reinventando com coragem e verdade! Ela nos inspira!
Pelas palavras dá para constatar que a vida profissional da Beth foi marcada pelo companheirismo e competência ontem e hoje. Parabéns Beth.
Conheci a Beth numa experiência de formação continuada, já faz 11 anos! Amizade a primeira vista, mulher a frente do sei tempo, resistente e defensora do que é coletivo, porque o público é do povo. Beth, aprendi muito com você!! Você é especial, beijos no coração! Com carinho da sua amiga!! Aline