Fazia um bom tempo que eu observava a minha vida minguando, há dois anos, vinha diminuindo meus afazeres, reduzindo minhas atividades e deixando a vida acontecer sem muitas surpresas ou aventuras. Sinceramente, estava bem acomodada com a vida de poucos compromissos e raras interações sociais.
Além disso, percebi que quando adormecia meus sonhos também refletiam uma vida estacionada: sonhava que acelerava um carro que não se movia, ou, que estava tentando chegar a um determinado lugar e por mais que me esforçasse nunca chegava.
Quando comecei a prestar atenção em mim, compreendi que vinha inibindo a vida, acho que era uma tentativa inconsciente de evitar frustrações e aborrecimentos, que por outro lado, também me privava de experiências incríveis. Então, resolvi experimentar algo novo e aos 43 anos iniciei minhas aulas de natação.
Contudo, sempre tive muito medo de água, quando precisava atravessar uma ponte, enfrentava uma grande ansiedade, ficava nervosa, coração acelerado e até sentia vertigem.
Certa vez, voltando sozinha de uma cidade vizinha, estacionei meu carro alguns metros antes do inicio da ponte do Rio Tietê e chorei por alguns instantes. Cheguei a pensar em abordar um desconhecido e solicitar fizesse a travessia dirigindo por mim, mas, resolvi ir frente, tremendo, chorando e me esforçando para não desmaiar.
Quando decidi pela natação, não estava disposta apenas a aprender uma nova habilidade, eu sabia que nadar não seria exatamente algo fácil, mas, certamente seria transformador, um mundo de possibilidades seria explorado, talvez eu pudesse superar um medo, uma dificuldade ou um bloqueio.
Precisei me dedicar, trabalhei a disciplina e a resiliência, falhei e continuei, provei para o meu inconsciente, que se manifestava nos sonhos, que eu era capaz de correr e chegar, encerrando assim, alguma perturbação do passado.
Por mais lento que parecia ser o processo, havia avanços e isso me fez senti algo que há muito tempo não sentia: orgulho de mim.
Com o tempo, os sonhos repetitivos e angustiantes desapareceram, eu comecei a desejar ter mais compromissos, assumir responsabilidades e experimentar coisas novas. Penso que se observarmos nossos comportamentos, sonhos, medos e sentimentos, avistaremos claramente o futuro que nos espera.
Então, poderemos decidir se seguiremos por esses caminhos ou se alguns ajustes deverão ser feitos para mudar o rumo da vida. Se você tem consciência das suas limitações e deseja trabalhar na construção de uma vida diferente, recomendo que nunca pare de aprender, seja curioso, disposto, e dê o primeiro passo para desenvolver uma nova habilidade, pois, nunca se trata apenas da habilidade em si, mas de tudo de maravilhoso que você desenvolverá através dela.
Todas as vezes que nos aventuramos no desconhecido, acrescentamos mais força, razão, alegria e vida na nossa existência.
Mia Koda
Psicanalista, membro do Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica; Hipnoterapeuta pelo Instituto Luca Naves; Profissional Coach e Analista de Perfil Comportamental DISC pela SLAC- Sociedade Latino Americana de Coaching; Coach Educacional pelo Método Vanessa Tobias High Rise; MBA em Gestão de Recursos Humanos pela Escola Superior Aberta do Brasil e graduada em Marketing pela UNIVAG- Universidade de Várzea Grande.
Autora dos livros “Pânico – Entendendo o transtorno” e
Nevoeiro – textos e poemas
disponíveis para venda pela Amazon
Instagram: @mia_koda_escritora
Fotos: Pixabay
4 comentários
O viver depois dos 50 mudou minha vida e perspectiva… obrigada 🙏 por compartilhar amor..🙌🥰💜🙏
Lilian, para nós é um prazer ter pessoas como você por aqui. Agregam e motivam. Abração!
Adorei!!! É o que está acontecendo comigo. Dar um novo rumo em minha vida.
Heloisa, que bom que você está dando novo rumo a sua vida. Se quiser compartilhar conosco, pode enviar e-mail para [email protected] Adoramos publicar historias de pessoas que reinventam a vida. Abração