Lian Gong em 18 Terapias no Brasil: um verdadeiro encontro de duas culturas

Por Jaime Kuk

Pouquíssimas pessoas sabem que o pastel de feira paulistano, hoje até conhecido no exterior, foi criação de um chinês preocupado em como sobreviver em São Paulo. E esse pastel nem existe na China!

Quando Dr. Zhuang Yuan Ming criou uma série de exercícios para seus pacientes tratarem de suas dores na cidade de Shangai, nunca imaginou que sua técnica atravessaria o planeta, crescendo com vigor numa cidade onde é manhã quando em Shangai é noite. E foi em São Paulo que o Lian Gong se espalhou inicialmente, em especial onde eu acho que o Lian Gong faz jus a que veio: o serviço público de saúde.

Hoje os serviços públicos de saúde de várias cidades brasileiras, como Belo Horizonte e Campinas, usufruem dos benefícios de uma técnica que é terapêutica na sua essência, e que qualquer pessoa pode ter acesso, independentemente da idade, sexo, condição pessoal, econômica ou social. O Lian Gong parece ter nascido para ser de domínio público, como queria seu criador.

Eu tento entender porque o Lian Gong deu tão certo aqui, e peço que outras pessoas que trabalham com o Lian Gong, ou só o praticam, façam essa reflexão também; isso pode ajudar a incrementar as PICS e a visão que temos de saúde em geral. Então, a seguir, minhas reflexões:

Em primeiro lugar, o Lian Gong foi resultado de um trabalho intenso de um terapeuta com larga experiência em Medicina Tradicional Chinesa e tratamento de dores, o Dr. Zhuang Yuan Ming. E na China, esses médicos em geral conhecem profundamente os exercícios para saúde, de existência milenar.

Dor é um dos tormentos que mais afetam o mundo, e a medicina chinesa sabe que tratar de dor deve necessariamente tratar de todo o organismo, incluindo a parte emocional; por isso os exercícios do Lian Gong procuram harmonizar todas as funções orgânicas, trazendo uma sensação de bem-estar rapidamente percebida pelos seus praticantes.

Os exercícios do Lian Gong podem e devem ser adaptados às condições de cada pessoa, desde que se conheça mais profundamente sua estrutura, muito organizada e racional, e quem se dedicar a estudar um pouco pode entendê-la com relativa facilidade.

O Lian Gong não exige equipamentos nem roupas especiais.

O Lian Gong estimula a prática em grupo, e a medicina oriental em geral, não só a chinesa, sabe que um exercício praticado em grupo traz efeitos benéficos mais potentes que a prática solitária; mas se cada praticante se aperfeiçoar sempre, trará mais benefícios para o grupo e para si mesmo.

E finalmente, praticar Lian Gong abre uma porta para o contato e melhor compreensão de várias outras técnicas terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa, entre elas o Tai Chi Chuan, Oito Brocados de Seda, Treinamento Perfumado, todos muito acessíveis e benéficos, pois são baseados em conhecimentos milenares.

Conhecer e tentar compreender técnicas terapêuticas de outras culturas, que sejam sérias e bem estruturadas, como ioga, anti-ginástica, rolfing, etc., enriquece a nossa cultura pessoal e brasileira.

Por outro lado, podemos resgatar e desenvolver o que nossa própria cultura já tem a nos oferecer, em termos de medicina e práticas corporais, como por exemplo a cultura dos povos indígenas e africanos.

Saudações a todos!

Por Jaime Kuk

Professor de práticas corporais terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa

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Lian Gong em 18 Terapias

Foto de Capa: Prefeitura de São Paulo – SP