Falar de maneira franca sobre sexualidade masculina é delicado – envolve segredos, preconceitos. Cuidado maior precisamos ter para abordar algo tão íntimo como temores e dificuldades dos meninos à medida que percebem que o envelhecimento se avizinha.
Por isso, pergunto à você (nem precisa responder, basta pensar sobre o assunto) – Garoto, quais são seus maiores receios quando o assunto é sexualidade na maturidade?
Pense que os meninos são ensinados desde pequenos que homem não chora, não fica doente, não reclama e não se fragiliza; que sexualidade se resume aos genitais e que este é um assunto para ser abordado apenas com piadas, proezas e frases de auto afirmação. Mesmo que não estejam assim tão seguros, aprendem a dizer: – Eu sempre quero, eu posso e consigo – e muito bem!
Diante de tanto preconceito, se a coisa se complica e o homem percebe que suas relações sexuais já não estão tão satisfatória quanto antes, ele consegue encarar? Ou é mais fácil e cômodo para alguns homens
(consciente ou inconscientemente), buscar o problema fora e nessa responsabilizar sua parceira sexual?
Em atendimento recente, uma bela senhora – deprimida e frustada com o casamento de 40 anos, me conta:
Meu marido mudou muito de dois anos para cá. Está mais agressivo comigo, parece que não está satisfeito com nada, no sexo ele que era tão ativo agora parece que nem quer mais e quando acontece ele está muito egoísta, só pensa nele… Eu estranho porque ele sempre foi muito caloroso e a nossa vida sexual muito boa por mais de 38 anos. Agora do nada ele diz que eu não o excito e nem o satisfaço mais… quero muito é me separar dele…!
Lucia, 62 anos
Fácil imaginar que este homem esteja tendo problemas em seu desempenho sexual – dificuldade de conseguir e manter a ereção peniana durante a relação sexual, o que lhe causa frustração e agressividade.
É possível constatar o quanto esta situação pode ser devastadora para o casal, especialmente porque a mulher ao desconhecer as razões da diminuição na frequência e queda da qualidade da relação sexual tende a se frustar e reagir também agressivamente. A relação vira um jogo de acusações mútuas, falta de compreensão e empatia.
Ou seja, um problema que poderia ser identificado, discutido e resolvido na intimidade do casal ganha outras proporções, envolvendo diferentes aspectos da vida dos dois. 🙁
Será que a ausência de diálogo sobre sexualidade acontece apenas com a Lúcia e seu marido ou esta pode ser a causa de muitas frustrações, conflitos, infidelidades e separações?
A disfunção erétil
Claro que diante de tantos tabus em torno da sexualidade, não temos a pretensão que apenas este texto possa promover grandes mudanças na vida das pessoas, afinal falamos de valores culturais em que estamos muito envolvidos.
Mas abordar a disfunção erétil (impotência masculina) de forma tranquila e franca pode significar para muitos a possibilidade de reconhecer as suas dificuldades, conseguir encarar uma conversa franca e quem sabe até procurar ajuda.
Olhando para o conjunto de homens em qualquer idade, a principal causa da disfunção erétil é de origem emocional. Em torno de 70% dos homens com dificuldades na ereção queixam-se de ansiedade, depressão, estresse, insônia, baixa autoestima, entre tantos.
Em homens mais velhos esta estatística muda, a maioria dos casos de disfunção erétil tem como causa as condições de saúde física, tais como: pressão alta, diabetes, arteriosclerose, tabagismo, alcoolismo, obesidade.
Ou seja, para um bom funcionamento do pênis, além das questões emocionais é preciso ter boa saúde física, afinal a ereção é uma mágica que acontece quando o corpo consegue enviar para dentro do pênis uma quantidade suficiente de sangue que o deixe em condições de uma penetração sexual.
Falar de impotência é um pesadelo muito doloroso para os homens, especialmente para aqueles que constroem sua identidade em torno do pênis e da capacidade de ereção.
Muitas pessoas esquecem que sexualidade é um conjunto de fatores que passa pelo desejo mas não se confunde com os genitais. Sexualidade envolve toque, carinho, afetividade, companheirismo, respeito, cheiros, compartilhar de energias, capacidade de criar na arte de dar e receber prazer.
E foram Felizes para sempre
Ver um casal de idosos que passou a vida juntos, de mãos dadas em público é uma cena romântica para os olhos de quem tem sensibilidade para isso, mas a maioria de nós não imagina como está a intimidade do casal e como eles lidam com o processo de envelhecimento, do desgaste do corpo e dos ajustes necessários para manterem o prazer da vida sexual nesta fase da vida.
Há um silêncio preconceituoso em torno da sexualidade na velhice, mas é preciso acordar para a realidade de que uma vivencia saudável do sexo após os 50, 60, 70 anos é troca de energia vital, faz bem, ajuda a prevenir solidão e depressão.
Ora, se temos um problema no coração, procuramos um cardiologista e aceitamos sua orientação. Porque não pode ser a mesma coisa quando o pênis implica em não ficar mais em pé? É preciso reconhecer o desgaste do corpo e encarar o problema. Há uma disfunção erétil? Qual a causa? Há alternativas disponíveis atualmente?
Vejam, a primeira dificuldade é reconhecer que há um problema. Feito isto ainda é preciso procurar ajuda médica e/ou psicológica para fazer um diagnóstico adequado e propor um tratamento.
Você deve saber que atualmente há medicações específicas para disfunção erétil, próteses penianas e se nada disto for possível ou não estiver disponível, nem assim é preciso encerrar sua vida sexual. A criatividade vence barreiras! É possível uma vida sexual não penetrativa bastante prazerosa para ambos.
Produzir momentos lúdicos com jogos, brinquedos sexuais, estimulação de outras partes do corpo são opções maravilhosas que podem ser suficientemente prazerosa para ambos. Basta que estejam disponíveis e dispostos.
Então, qual será sua escolha diante do problema? Encarar do tamanho que é ou complicar mais a vida? Pense nisso!!
Importante: Não se auto medique, especialmente se você tem algum problema crônico de saúde. Converse com o seu médico a respeito do assunto.
Por Maria Aparecida Costa
Assistente Social e Educadora em Saúde Pública com especialização em gerontologia
Co-Autoria: Antonio Luiz Santos
Administrador e Palestrante
Para pesquisar:
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