Já há algum tempo conheço Márcia Brandi, professora da Rede Estadual de Ensino em São Paulo e através de suas publicações nas mídias sociais percebo, com carinho e respeito, sua graça, inteligência e pensamento crítico.
Neste carnaval ela fez uma postagem em que chama nossa atenção para uma importante questão social: ano a ano as escolas de samba trazem em seus enredos verdadeiras aulas de história sobre os negros e sua cultura mas este conteúdo, infelizmente, parece se esvair ao final da folia.
Leia e reflita:
Sempre acompanhei os desfiles de escola de samba do Rio e de São Paulo e desde sempre observo que há exaltação e homenagem a negritude e a África em seus sambas enredo. Aulas de história ao alcance de todos.
Mas reconheço que há alguns anos atrás eu não tinha maturidade, conhecimento e informações que tenho hoje para avaliar a repercussão desta questão após a quarta feira de cinza.
Nas duas cidades a quem me refiro o carnaval tem bastante visibilidade, muitas escolas defendem temas enredo com ênfase na pretitude que tanto queremos, tentamos divulgar e fazer com que nossa identidade seja respeitada por todos.
Nossa ancestralidade sempre é mostrada e no carnaval a sociedade curte, canta, defende suas escolas, mas só dentro das avenidas e sambódromos. Expõem os corpos das mulheres, especialmente das negras, como se atributos de corpos sobrepusessem a história contada.
O tema, a história é estudada por carnavalescos e compositores e contada de forma lúdica e crítica a quem quiser ouvir. As pessoas saem dali e esquecem tudo o que cantam, não se atentam às informações passadas, não registram, não interiorizam, não modificam.
Na quarta-feira de cinzas a sensação é a de que estamos sempre na boca do povo, mas as pessoas ainda não conseguem compreender, respeitar a importância do negro e a nossa representatividade para a cultura brasileira.