É muito comum recebermos mensagens com áudios e vídeos com diferentes opiniões sobre o que significa envelhecer. “Uma droga” dizem alguns, “A melhor Idade” dizem outros e eu, confesso me perder entre as vantagens e desvantagens dessa nova fase da vida – em início de experiência para mim.
Ouço com frequência: é a idade do COMDOR (doi aqui, doi alí), mas também ouço dos otimistas – a dor faz parte da vida, vive melhor quem sabe lidar com ela 🙂 . Há os que estão assumindo os grisalhos como uma forma de reconhecer o envelhecimento, outros que não se identificam com cabelos brancos…
Mas nada do que vejo e ouço me tranquiliza por completo, minha mente inquieta continua procurando uma resposta que preencha e permita definir de uma vez por todas – é bom ou é ruim ficar velha?
Escrever a palavra “Velha” permite sentir seu peso – carregada de preconceitos e medos, o que torna mais difícil olhar para o envelhecimento como de fato ele é, entendendo que envelhecer é uma realidade. É uma nova fase da vida para os que permanecem vivos.
ENVELHECER é consequência de se estar vivo.
E tem mais… não estamos sozinhos nesse processo. O mundo está envelhecendo!! O avanço na tecnologia, na medicina, as informações que fazem com que as pessoas possam cuidar melhor de sua saúde contribuem para o aumento da expectativa de vida da população. A cada ano é maior o número de idosos em todo o mundo.
Ganhamos mais vida, mas como vivemos?
No livro Ganhei Mais Vida, os autores observam que estamos prologando nossas vidas mas também ganhamos vitalidade. Até pouco tempo atrás nossa existência era dividida em três fases: a infância (tempo de desenvolvimento), a vida adulta (tempo de atividade) e a velhice (tempo de declínio).
Há pouco tempo inseriu-se a adolescência – intermediário entre a infância e vida adulta. Para os adolescentes conseguimos perceber e pensar em formas de ajudá-los a encarar e superar as transformações físicas, emocionais e sociais que estão acontecendo. Para a adolescência reservamos um olhar de esperanças – é uma fase recheada de mistérios, descobertas e de possibilidades apaixonantes.
E agora estamos descobrindo uma segunda fase de transição, da maturidade à senescência – a ENVELHESCÊNCIA, tão ruidosa e transformadora como a adolescência, mas que ainda traz grandes desafios, entre eles poder encarar e elaborar as transformações físicas, emocionais e sociais que acontecem.
Encarar as mudanças com realismo exige identificar e libertar-se de ideias preconcebidas em torno de:
Envelhecimento do Corpo
Compreender que a vida é feita de fases e para cada fase há uma necessidade e um ajuste. Nesta fase, precisamos perceber as várias necessidades físicas e mentais e buscar alternativas para uma vida mais saudável, incluindo aqui cuidados com alimentação, atividade física, lazer, sexualidade e sexo, atitudes preventivas e de qualidade de vida.
Perda da Identidade Funcional
Há pessoas com dificuldade de preparar para a aposentadoria. Afastar-se do trabalho desenvolvido por tantos anos é um luto fácil de compreender e difícil de praticar, afinal há muitas questões envolvidas no processo de trabalho, desde a compreensão de que “é o trabalho que dignifica o homem“, até o afastamento de atividades prazerosas e pessoas por vezes muito queridas.
O que fazer com o tempo antes dedicado ao trabalho formal? Como deixar de me apresentar acrescentando ao meu nome o cargo e o nome da empresa que represento?
Mudanças na Família
À medida que envelhecemos várias mudanças vão ocorrendo na família, entre ela perda de pessoas queridas, filhos que saem de casa e a consequente síndrome do ninho vazio. Essas mudanças são igualmente difíceis de elaborar e exigem uma reinvenção diária da nossa existência como garantia básica de sobrevivência.
Diante de tantas mudanças sabem o que mais me motiva? É pensar que a força que impulsionou nossa geração na juventude a transformar valores, moda, música, costumes continua forte o bastante para criar uma nova forma de olhar para a velhice: com respeito aos limites e valorização do potencial de cada ser humano.
E pensar que estamos buscando novas fontes de prazer e de sentido para a vida – na envelhescência e depois dela. E que cada descoberta fará mais sentido para um que para outros mas ajudará igualmente à todos porque somos diferentes, mas ao mesmo tempo somos tão parecidos (e lindos de viver).
Por Maria Aparecida Costa Assistente Social e Educadora em Saúde Pública aposentada pela PMSP com Especialização em Gerontologia
Referências
Ganhei mais Vida – O que fazer com a longevidade? ?Joel de Rosnay (et al): tradução Maria Helena Kuhner – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 240p.
4 comentários
Também não sei se é bom ou ruim.
Tem dias que me sinto muito cansada,outros tenho vontade de fazer coisas diferentes de viajar sem me preocupar com nada.
Divina obrigada por participar do blog, mandando sua opinião, que concordo totalmente <3 Abração
Ótimas concatenações Cida. Parabéns.
A eterna busca pelo equilíbrio. \o/