Por DAYANE OKIPNEY – jovem escritora, pintora, arteterapeuta, arte educadora, pedagoga, e terapeuta em Reiki.
Com o tempo você nota que embora não tenha culpa, você tem uma responsabilidade em suas mãos: a responsabilidade de sua própria vida, de seu próprio corpo, de respeito a si mesmo e quando isso acontece, você passa a perceber que assim como não deseja o pior para ninguém, não é certo aceitar o pior para si mesmo. É como diz aquele filme :“Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer”.
Sempre que lembro do meu diálogo de término, vejo como estive anos em um relacionamento extremamente abusivo sem ter consciência.
Disse a ele que queria terminar, pois, depois que começamos a namorar, eu não me reconhecia. Havia me tornado uma pessoa ciumenta, neurótica, nervosa, triste, mentalmente abalada e eu não gostava de ser assim. E ele me respondeu que é assim mesmo, relacionamentos fazem com que conheçamos partes escondidas de nossa personalidade e que mesmo depois de eu ter descoberto esse meu lado, desconhecido antes dele, ele me amava.
Nesse relacionamento, todos os meus defeitos se sobressaíram e meu lado mais obscuro e depressivo também. Foi como se eu tivesse entrado em um poço e me afundado, e como acontece com quem cai dentro de um poço, eu não conseguia sair. Saí com muito sacrifício e luta, ainda achando que a culpa era minha por não ter feito daquele poço um lugar feliz. Após anos longe desse relacionamento, ainda sinto suas marcas. Ainda me deparo com esse meu lado sombrio e paranoico e luto contra ele. Ainda me pego pensando que devo agradecer por cada migalha recebida, mesmo sabendo que tenho fome de muito mais.
Até hoje a pessoa com quem me envolvi alega “me amar”. Será que o “amei” também? Será que quando entramos em um relacionamento destrutivo e doentio, estamos amando? Que amor é esse que te transforma numa pessoa pior do que você era antes? Que tipo de pessoa diz que ama a outra fazendo-a sofrer? Hoje noto que aquilo era tudo: carência, falta de amor próprio, autoestima nula, medo da solidão, vazio, mas nunca amor.
Enquanto você acreditar que merece pouco, você terá ainda menos. Quanto menor for seu amor próprio, quanto menos você se considera e se respeita mais chances tem de cair no canto da sereia e ser engolido por um mar devastador. Você pode ser uma pessoa cheia de qualidades, mas se pensa que é alguém pequeno, vai encontrar alguém que queira te transformar em algo ainda menor.
Foto: Pixabay
A culpa é sua? Óbvio que não! Talvez você achasse que seria tão impossível alguém te amar de verdade que qualquer “amor” estava de bom tamanho e aliás, deveria ser agradecido! Contudo, com o tempo você nota que embora não tenha culpa, você tem uma responsabilidade em suas mãos: a responsabilidade de sua própria vida, de seu próprio corpo, de respeito a si mesmo e quando isso acontece, você passa a perceber que assim como não deseja o pior para ninguém, não é certo aceitar o pior para si mesmo.
Nenhum amor te torna uma pessoa ruim. Um amor de verdade, mesmo que não eterno, te transforma no melhor que você pode ser. As brigas amadurecem, as broncas estimulam. Há compreensão na hora da dor, comemoração em cada pequena vitória, carinho apenas por estar junto. Você não se sente uma peça desencaixada, você se sente parte de algo e você sabe que terá apoio sempre que precisar. Suas qualidades são celebradas e seus defeitos corrigidos (ou tolerados), você passa a gostar do que vê no espelho, você passa a gostar de ser quem é. Mas para esse amor verdadeiro chegar por outro, primeiro, ele deve brotar dentro de você.
É como diz aquele filme :“Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer”.
Foto de capa: Pixabay
2 comentários
Muito bom !!!Como e importante cuidar de nós mesmos!!!
O autocuidado é tudo! Obrigada pela sua presença aqui no blog e na minha vida! <3