Eu decido, Tu decides, Eles decidem, Nós decidimos…
Dessa forma aprendemos a conjugar verbos – ao som das palavras ditas pela professora e repetidas pelos alunos de forma tão cadenciada que de longe mais pareciam poesias recitadas em jogral. Decorávamos os verbos com o som, a escrita e a repetição. Mas o significado do verbo DECIDIR nem sempre foi desvendado.
Decidir, definir, resolver, deliberar não é tarefa fácil para todas as pessoas. Há definições simples como organizar a agenda da semana, mas há escolhas em que a sensação é a de estarmos diante de encruzilhadas com caminhos repletos de flores e espinhos, com indecifráveis pontos positivos e negativos.
Mas se você não decide, quem decide por você?
A capacidade de decisão das pessoas com 50, 60, 70 anos e +
É fato que nossa geração foi marcada por uma educação rígida, inibidora da iniciativa e do poder de decidir, especialmente para as mulheres que podem ainda na vida adulta carregar vestígios desse jeito de ser e ter dificuldades em assumir as rédeas da própria vida.
Por outro lado também foi nossa geração quem iniciou os movimentos em defesa da liberdade e do empoderamento feminino, demonstrando nossa força e desejo de mudança, ou seja, embora as condições tenham sido adversas nosso potencial para enfrentá-las tem sido maior.
Há situações em que a própria vida se encarrega de encontrar a solução e podemos esperar que isso aconteça, mas há momentos em que o verbo decidir tem que ser conjugado em primeira pessoa: EU DECIDO!
Como seres livres podemos organizar nossos pensamentos e sentimentos e eleger as melhores opções, seguindo regrinhas bem básicas:
Procure conhecer a si mesmo
É preciso que o fraco de perfume esteja fechado para manter a fragrância, também conserve para você seus pensamentos e o seu direito de decidir. Mantenha-o em um frasco tampado. Não dispense essa energia. Pense, medite!
Quando estiver com dificuldade de visualizar, saia sozinho, vá caminhar, pegue um ônibus, sente-se em uma praça, permita-se entrar em contato com você mesmo e imagine-se em cada uma das estradas dessa encruzilhada. Sinta os cheiros e as espetadas dos espinhos, as perdas e ganhos de cada uma das suas alternativas.
As vezes precisamos ponderar entre o que quer o coração e o que recomenda o cérebro. Lembre-se que o melhor caminho é o do encontro entre a razão e a emoção. Busque por autoconhecimento e valorize sua autoestima.
Evite tomar decisões por impulso e acredite que ninguém pode saber melhor que você mesmo qual o caminho a seguir.
Ouça outras opiniões
É importante termos clareza de todas as possibilidades na hora de tomar uma decisão e nem sempre isso é possível quando estamos sozinhos.
Converse com as pessoas que você sabe que pode confiar, ouça suas opiniões, anote os pontos que cada uma gentilmente lembrou a você. Respeite e agradeça, mas considere que essas são as opiniões delas criadas a partir da história de cada uma.
As pessoas tendem a defender um ou outro lado. Ouça-as e saiba filtrar seus conselhos, seguindo os que mais fazem eco em seu coração e sentido para sua razão.
Liste as Vantagens e Desvantagens
Ainda está difícil imaginar qual o caminho que as flores serão mais perfumadas e os espinhos menos pontiagudos?
Ainda está difícil para decidir? Procure relaxar e manter sua autoconfiança. Escreva em um papel VANTAGENS E DESVANTAGENS de cada escolha, procurando esmiuçar o que existe em cada uma delas. Um detalhe pode mostrar as melhores opções e contribuir para sua decisão final.
Organize a lista de perdas e ganhos sozinho, afinal você que terá que lidar com as responsabilidades e conseqüências da sua decisão.
Decida por hoje
Nas decisões importantes temos a sensação de que será definitiva em nossas vidas. Naturalmente algumas decisões terão muitos reflexos, como a escolha da profissão, mudar ou não de cidade, de trabalho, separar ou manter o casamento.
Mas lembre-se que as decisões são tomadas com as condições que você tem nesse determinado momento. Ainda não conhecemos o futuro e com certeza tudo pode mudar. Você pode mudar, as pessoas em seu entorno também.
Tome a sua decisão por hoje e se depois perceber que não foi a mais adequada, sempre é tempo de corrigir. Basta ter humildade para reconhecer e mudar. Exemplo disso é o número de pessoas que mudam de profissão, de casamento ou de cidade depois de aposentadas.
Confie
O medo é um grande desafio a ser enfrentado quando precisamos decidir e agir. O novo assusta e todo processo de mudança envolve algum grau de risco que precisamos encarar, porque pior que enfrentar o novo é paralisar diante de uma indecisão.
A decisão quando bem pensada, errada ou certa é a melhor ação que podemos ter hoje. Precisamos tentar, arriscar.
Se não der certo, não pare pelo caminho a se lamentar, não se deixe vencer pela frustração. Volte ao ponto inicial e tente novamente.
As decisões conscientes nos tornarão mais maduros, mais sábios e nos deixará em melhores condições para tomar outras resoluções.
Por Maria Aparecida Costa
Assistente Social e Educadora em Saúde Pública
Especialização em Gerontologia