Não queira ser extintor para mãos incendiárias

por Mª Aparecida Costa

Se você observar mais atentamente verá que na família ou no grupo de amigos há sempre os que dizem o que pensam e tentam impor as regras e condições do ambiente. E para contrapor há sempre os que sobem no muro, sorriem amarelo, disfarçam o clima  e amenizam os conflitos.

Imagine olhar para seus relacionamentos como se estivesse fora deles e vai perceber que algumas pessoas próximas a você (muitas vezes bem próximas) são como crianças munidas de tochas acesas nas mãos e que em muitas ocasiões você coloca-se em sentido de ALERTA – em defesa própria ou do bem estar do grupo.

Essa pessoa não é necessariamente um incendiário, tampouco tem a intenção de atear fogo na floresta. Pode ser apenas alguém que precisa de outro para apaziguar as situações que ele não quer ou não consegue dar conta e que o ajude a tornar o ambiente mais confortável para ele mesmo.

Enquanto provoca, belisca o cachorro, exige atenção, observa sorrateiro o extintor em suas mãos apagando os pequenos (ou nem tão pequenos) focos de incêndio que ele vai produzindo. Essas situações vão acontecendo quase que imperceptivelmente e à medida que nos envolvemos podemos ir perdendo a dimensão do que é estabelecer limites para o outro.

Em grupos de terceira idade é surpreendente o número de idosas com dificuldades de sobrevivência por estarem quitando empréstimos bancários feitos na sua conta de aposentadoria por filhos que depois isentam-se da sua responsabilidade 🙁

Como posso saber o que é aceitável para mim se estiver sempre ocupada sendo extintor?

Nesse tipo de relacionamento a gente pode ir se confundindo com o outro de tal forma que nosso bem estar parece estar associado ao bem estar do outro. Exemplo disso são os casamentos de longa data onde um se anula em nome do que acredita ser para o bem estar da família.

Perguntar para essas pessoas qual o seu limite pode ser uma pergunta difícil a princípio. É preciso outras perguntas anteriomente: Como anda você? Quais são seus sonhos? A quanto anda sua autoestima?

Ah, sim é preciso investir no autoconhecimento e autovalorização para saber quem sou e o que quero. Preciso acreditar que mereço e posso ter uma vida diferente. Você pode começar dedicando um tempo por dia para a prática da meditação , o contato com seu “eu interior” e a redescoberta dos seus sonhos.

Tenho aprendido que dar limites não é fechar portas, ter limites não é construir paredes que me separem do outro. Ter limite é estar flexível para me relacionar com as pessoas e permitir que elas percebam quem eu sou, quais são meus valores e qual a idéia de ambiente que quero ter na minha vida.

Ter limite é permitir que o outro sinta o super aquecimento das “mãos-chama” e não me responsabilizar por isso. É não confundir amor com facilitação. Quando amo permito que o outro aprenda com suas escolhas, que pague suas dívidas e assuma as consequências dos seus atos sozinho, que cresça e amadureça com isso.

Mas isso é o que eu tenho aprendido. E você o que tem a dizer me dizer sobre dar limites?

Por Maria Aparecida Costa

Assistente Social e Educadora em Saúde Pública aposentada

Pós graduação em gerontologia

Foto de capa: ColiN00B – Pixabay

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