Açúcar industrializado / Doces: Vício ou necessidade?

por Edina A T Trovões
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Esse tema é fácil de explicar porem não é tão simples de entender. Isso porque o açúcar industrializado (refinado) fornece a glicose, que é uma necessidade do nosso organismo, mas o consumo de glicose na forma de açúcar industrializado pode virar vício.

A glicose é um nutriente essencial para o fornecimento de energia às células, principalmente às do cérebro, é um nutriente fornecido por alimentos ricos em carboidratos (arroz, batata, mandioca, mandioquinha, milho, aveia, farinhas em geral, frutas e legumes). Esses alimentos fornecem além da glicose outros nutrientes que em conjunto fornecerão a energia e o equilíbrio que as células necessitam para que trabalhem em harmonia.

Já o açúcar refinado nada mais é do que um produto industrializado, onde o caldo de cana é purificado e clareado resultando no açúcar branco que compramos em pacote e que contem quase 100% de glicose sem nenhum outro nutriente.

O problema é que, dependendo da quantidade e a forma de como a glicose é ingerida, pode desencadear um vício devido ao mecanismo de ação desse nutriente sobre o sistema nervoso.

O ideal seria o corpo receber o alimento (Ex: batata) e dele extrair a glicose, que será absorvida bem lentamente, de forma a não sobrecarregar o sangue com excesso. Quando se consome açúcar, essa glicose é absorvida rapidamente (o açúcar não precisa ser digerido, está pronto para ser absorvido) acarretando uma elevação muito rápida desse nutriente na corrente sanguínea (aumento da glicemia) e esse excesso provoca vários distúrbios e desequilíbrio da química hormonal.

A parte difícil de entender é: como pode o açúcar causar distúrbios e desequilíbrios nas células do corpo se, ao mesmo tempo, provoca uma onda de bem estar, euforia ou relaxamento quando se come um doce?

É mais ou menos assim que acontece: a glicose, em altas quantidades, fornece rapidamente matéria prima para o cérebro produzir hormônio do bem estar de uma forma também mais rápida e, assim, a sensação de bem estar também será mais “alta”, proporcional à taxa de açúcar ingerida. Mas é uma sensação “forçada” e que desaparece rapidamente, deixando um efeito rebote que é a fadiga e o desanimo.

Assim aparece a vontade de comer doce, provocada por um estímulo do cérebro, que uma vez em desarmonia, deixa de produzir fisiologicamente esse hormônio do bem estar.

Vale reforçar que o corpo necessita de glicose e não de açúcar industrializado, porém ingerir o máximo de 3 a 5 colheres de sopa rasa deste açúcar (dependendo da sua altura) por dia não irá provocar nenhum desses desequilíbrios. Nesta contagem não considere apenas aquele açúcar que você adiciona no cafezinho, mas também a quantidade que compõe os alimentos industrializados, como doces, chocolate, nos sucos industrializados, refrigerantes, bolachas, iogurtes adoçados, sobremesas, etc.

Para as pessoas que estão viciadas e dependentes de doces, é muito difícil ignorar essa condição, mas é um problema que precisa ser resolvido uma vez que o consumo de muito açúcar está relacionado com o acúmulo de gordura no fígado, a obesidade e suas consequências.

Uma alternativa seria suspender o consumo de açúcar, passar por uma crise de abstenção e deixar o corpo se recuperar dessa dependência buscando novamente o equilíbrio hormonal. Caso necessite de ajuda para isso, procure ajuda profissional.

Edina Aparecida T. Trovões

Nutricionista CRN3-1579

Email: [email protected]

Foto de Capa: Pexels

Matéria publicada inicialmente na Revista City Penha

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