Essa é a Neusa Araujo, sua história é singular e encanta pelo amor, simpatia, bom humor em que travou suas lutas. Foi pesada alguns momentos da vida? Foi, mas ela fala com leveza de seus inúmeros recomeços.
Acomode-se e leia seu relato. Considere-o um presente! Que possa servir de estímulo em momentos de desânimo e descrédito.
Sou Neusa, tenho 62 anos, paulistana e moro atualmente em João Pessoa, na Paraíba.
Minha mãe ficou paralítica quando eu estava com 16 anos, por isso não pude trabalhar. Terminei o ensino médio, fiz faculdade até o quarto ano, no último tive que trancar. Conheci um paraibano que morava em SP, nos casamos, ficamos morando com meus pais por conta da doença de minha mãe.
Quando minha mãe morreu, eu estava com 31 anos, um filho pequeno e logo depois engravidei da menina, então continuei a ser dona de casa, esposa e mãe em tempo integral.
Depois da aposentadoria do meu marido, ele quis voltar à terra natal, uma cidade pequena no interior da Paraíba. Dois anos depois que chegamos, meu marido morreu num acidente de carro. Ficamos, meus filhos e eu, sem saber o que fazer. Meu filho já estava concursado pelo Estado, minha filha fazendo faculdade e eu comecei a me deprimir. Passava horas sentada, fazendo palavras cruzadas, sem ânimo pra sair do lugar.Voltar pra SP se tornou um sonho sem chances de realizar.
Um dia, meu filho me disse que a Universidade Federal da Paraíba estava abrindo inscrições para um concurso público de nível médio, e me incentivou a prestá-lo. Só prestei mesmo esse concurso para agradar ao meu filho, mas nunca pensei que seria aprovada entre os primeiros classificados.Nesta época eu estava com 55 anos, e foi aí que consegui meu primeiro e único emprego.
Tenho um casal de filhos, hoje morando também na Paraíba. Atualmente, moro sozinha, meus filhos se casaram, cada um tem seu cantinho, porque eu não quis ficar junto com eles. Quem casa quer casa, não é? Tenho uma netinha que é a minha vida, assim como meus filhos.Tenho meu emprego, ainda sou dona de casa, mas isto se tornou tarefa secundária.
Nem penso em aposentadoria, já fui aposentada antes de trabalhar 🙂 Amo fazer o meu trabalho, sou secretária, lido com alunos, professores e outros funcionários.
Nem me lembro que faço parte da melhor idade, não utilizo serviços preferenciais, pois sei que algumas pessoas, embora jovens, tem mais necessidade do que eu.
Recomecei minha vida várias vezes. Num outro relato contarei outros recomeços. Só gostaria de dizer que quantas vezes forem necessárias, renascerei das minhas próprias cinzas, pela felicidade dos meus filhos e pela minha própria felicidade.
Neste ano, meus 18 anos completam 44 anos, porque me sinto como se tivesse 18, mas tenho 62. Então, quem tá ficando mais velho são os 18, eu continuo jovem. Eu continuo adolescente!