Como ser Boa Mãe de Gente Grande

por Mª Aparecida Costa
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O que devo fazer para ser boa mãe de gente grande? Essa pergunta apareceu em um encontro com amigas e despertou curiosidade e um desejo enorme de procurar respostas. Tentando encontrar elementos que me auxiliassem nessa reflexão, pesquisei na internet e encontrei sites e blogs com dicas de como ser boa mãe, porém focados em crianças.

Confesso que ler os textos dessas mãezinhas foi muito bom e recomendo. Resgatou sentimentos de nostalgia das filhas quando crianças e, invariavelmente me fez comparar as preocupações que tínhamos com a educação e bem estar dos filhos na infância com as questões que vivenciamos com eles adultos.

A maioria de nós ouviu o ditado popular Filho criado trabalho dobrado, que vem sendo repetido de geração a geração e traduz, em sua essência, que as preocupações com os filhos aumentam proporcionalmente ao tamanho dos seus corpos. Com os filhos crescidos as preocupações são de natureza diferente: eles se colocam no mundo com maior desprendimento e maiores riscos e os pais, naturalmente, estão atentos e ficam apreensivos com isso.

Da mesma forma que não encontramos um manual quando nossos filhos nasceram também não encontraremos um manual com dicas de como ser boa mãe de gente grande, de como frear os impulsos de proteção e permitir que o filho cresça e voe com liberdade para a vida que escolhe.

Como forma de organizar meus pensamentos e compreender melhor tudo isso, revejo minha experiência pessoal e profissional, converso com pessoas mais próximas e escrevo agora esse texto, acreditando que possa ser útil para outras pessoas que como eu, pegam-se a “matutar” com essas coisas. Separei as dicas em 05 blocos, apenas para ser mais didático… compreendo que todas estão conectadas:

1 – Identificar e cuidar das próprias dores

Identificar e reconhecer nossas dúvidas, dificuldades ou as feridas que atingem nossa alma e cuidar delas sem responsabilizar os filhos ajuda muito na nossa relação com eles. Exemplo disso são mulheres que vivem sozinhas e exigem a companhia dos filhos para compensar sua solidão. Estar próximo dos filhos é, com certeza, uma sensação maravilhosa mas da nossa solidão precisamos cuidar nós mesmas. É importante separar os sentimentos de saudades dos filhos de outros sentimentos negativos que possamos ter em nossos corações.

2 – Não exigir que filhos supram nossas necessidades

Amor de mãe é amor incondicional, amor sem jogo, sem manipulações, sem exigências e sem vitimização. Amor de mãe exige apenas compreensão, respeito e reciprocidade. Quando me vitimizo pela solidão e o vazio que os filhos deixam quando partem, prendo pela dor e não pelo amor. Prender pela dor não agrega, não liberta, dificulta a evolução das pessoas.

3 – Manter o foco na própria vida

Antes da maternidade gostávamos de fazer muitas coisas. Com o nascimento dos filhos, vamos focando neles grande parte das nossas alegrias. Quando partem é natural que fique aquele sentimento de vazio. Precisamos tirar o prazer de um único foco e redescobrir outras alegrias. Vejam, minha mãe aos 83 anos, com os filhos na casa dos 50, fica horas na sala esperando o telefonema dos filhos. O descanso da tarde o faz no sofá para ficar mais próxima ao telefone. Não há mal nisso, pelo contrário, isso é amor e cuidado, porém, se ela não voltar o foco para si mesma e fazer outras coisas que lhe tragam prazer, corre o risco de ficar em desequilíbrio.

4 – Permitir que o filhos vivam suas experiências e tomem suas próprias decisões

Com a nossa experiência de vida sofremos com algumas decisões dos nossos filhos. Parece que antecipamos que alguma coisa não vai dar certo e dá uma agonia não conseguir fazê-lo entender o que vai encontrar com os caminhos que escolhe. Mas não podemos interferir no rumo que querem dar à própria vida – com quem vão se casar, quando decidem separar, mudar de profissão ou qualquer outra decisão contrária ao que acreditamos. Experiência não se herda, não se repassa. Os filhos ainda não conhecem o resultado de suas decisões e precisam descobrir vivendo. E se der errado, refazendo.

5 – Não facilitar ou encorajar atitudes e comportamentos negativos

“A gente é meio abestada com os filhos”, disse uma amiga em tom de brincadeira. Mas é importante parar e reconhecer a diferença entre ajudar quando necessário (e possível) ou facilitar comportamentos destrutivos. São inúmeros os casos que vemos entre idosos (ou envelhescentes) que vivem pagando dívidas dos filhos, mesmo quando não podem.

Há situações ainda mais delicadas: mães envolvidas com filhos em uso de álcool ou outras drogas. Quem passou ou passa por isso sabe que é difícil para a família superar sozinha todas as situações que acontecem. Para encarar de um jeito melhor um problema desse tamanho o ideal é que se procure atendimento profissional. Temos também muitos grupos de auto ajuda que através da troca de experiência e apoio mútuo ajudam (e muito) a compreender o problema e encontrar caminhos para seu enfrentamento.

Pois é minha amiga, lendo esse texto vemos como é grande o universo de oportunidades. E você? O que gosta de fazer? Além de paparicar os filhos, claro! O que pensou lendo tudo isso? O que poderíamos acrescentar nessa matéria?

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1 comentário

Maria da Gloria 22.out.2016 - 11:00

Dificil saber como ser boa mae, quando os filhos ja tem determinada formação, fica a duvida, será que estou opinando certo na vida deles? ou quero isso como se fosse para me?

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