É muito fácil perceber que os tempos são outros e que a imagem das avós de cabelos brancos tricotando na cadeira de balanço há muito vem sendo substituída por avós cada vez mais antenadas.
Os avós que convivemos hoje são ativos e dedicam mais tempo para cuidar de si e dos aspectos que valorizam em suas vidas.
Mas, as mudanças não ocorreram apenas com os avós… a organização familiar também está muito diferente. Atualmente, as crianças tem acesso à tecnologia nem sonhada por seus avós, vão cedo para a escola e nesse mundo moderno conseguem obter muitas das informações necessárias para seu desenvolvimento.
E o papel dos avós como alguém importante na rede familiar, que cuida com amor e perpetua valores vem sendo alterado e até questionado por algumas famílias. Em pesquisa na internet é possível encontrar vários tipos de textos sobre o assunto – uns que colocam de forma como se os papeis dos avós e pais fossem dicotômicos e conflitantes, esquecendo que o que está em jogo é o bem estar, a formação e a educação dos netos.
Ser avó é ser mãe duas vezes, é ser mãe com açúcar... são frases muito comuns e que expressam o sentimento envolvido. Se ser mãe é considerado em nosso meio um fato extremamente importante, imagina ser mãe duas vezes!
“Ser avó é uma experiência ímpar, tudo de bom! Curto cada neto como se fosse único. Sempre procurei me entregar de corpo e alma nessa dádiva que Deus me concedeu… Meu desejo mesmo seria ter mais tempo (pra ficar com eles) … mais força (pra correr e pular com eles) mais, mais, e mais… para estar presente na vida deles. Viro criança com eles. Peço a Deus serenidade, sabedoria no lidar com eles. Sou a mais feliz das avós” (Bethe, 54 anos)
É fácil perceber o amor e alegria dos avós no contato com esses “serezinhos”… a cumplicidade no olhar – como na foto de capa, a alegria do contato e a possibilidade de aprender uns com os outros.
Na intimidade das famílias nem tudo funciona às mil maravilhas… é natural que haja diferentes compreensões de mundo entre pais e filhos e isso poderá causar desentendimentos.
No texto Ser Mãe de Gente Grande, discutimos um pouco a dificuldade que muitos pais e mães tem de compreender e respeitar a autonomia dos filhos crescidos. Esse é um dos primeiros pontos para avaliarmos, especialmente quando há netos envolvidos.
Segundo a psicóloga Elisabeth Morales Brambilla Santos é importante que os avós compreendam e reconheçam o protagonismo e autoridade dos pais na educação dos filhos e que possam participar da criação dos netos, valorizando o diálogo e sobretudo respeitando as decisões dos pais quanto aos padrões e regras estabelecidos.
Se por um lado, é importante que os avós não invadam a vida dos filhos, esperando ser chamados para ajudar, os filhos também precisam considerar e respeitar as necessidades na vida dos avós, bem como ter a sensibilidade de ouvir e avaliar as sugestões que trazidas seus pais ou sogros, valorizando a sua experiência.
“Quero ficar sempre com minhas netas, brincar com elas e poder ensinar as coisas que acho que não ensinei direito aos meus filhos. João, 60 anos”.
A boa convivência entre avós e netos trará benefício para toda a família. O ganho também será social a medida em que os valores humanos poderão ser repassados entre as gerações. Porém há momentos na vida da família que a ajuda dos avós é imprescindível – em casos de crise, de separação, de necessidades de saúde e outras.
Os avós querem o melhor para seus filhos e netos e podem contribuir muito em sua educação, sobretudo no resgate de valores, conciência de respeito e cidadania não disponíveis nos canais de informação acessados por nossas crianças e jovens.
Por Maria Aparecida Costa
Assistente Social e Educadora em Saúde Pública aposentada pela PMSP.
Especialização em gerontologia
Elisabeth Morales Brambilla Santos é psicóloga clínica e trabalha na Saúde Pública há 25 anos. Mestre em psicologia pela Uni São Marcos. Pedagoga com especialização em Psicopedagogia.
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