A mais intensa sensação de completude que tive na vida não aconteceu quando passei em primeiro lugar em um concurso público e nem quando comprei meu primeiro (e único) carro zero… a sensação mais completa de felicidade experimentei ao colocar minhas filhas para dormir… durante anos, lindas com seus pijaminhas de flanela com ursinhos, amorosamente costurados por mim.
Mas os filhos crescem e os pijamas de urso são substituídos por outros interesses, a vida toma novos rumos e as mães vão se adaptando às novas configurações da família.
É saudável revisitar essas lembranças e mais saudável ainda poder compartilhar com outras pessoas as emoções de termos vivenciado momentos da infância, adolescência e do “ser gente grande” dos nossos filhos.
Como é ser mãe de gente grande? Perguntei para algumas mães mais próximas e seus depoimentos foram carinhosamente anotados e os sentimentos autenticamente apresentados, sem nenhuma pretensão de análise. Sentimento de gente é ímpar, é pessoal! <3. Cada um tem um jeito de elaborar a vida e a maternidade!
Ser mãe de gente grande é parecido com ser mãe de gente pequena:
“… “Um Filho jamais crescerá!… Para uma Mãe, ele será pra sempre o seu Bebê!!!” Marluce Lemos, 63 anos, Arapicara – AL
Ser mãe de gente grande é assim mesmo, um misto de sentimentos:
“… É maravilhoso ser mãe de gente grande, embora as vezes sinta saudades dos meus gêmeos pequeninos.” Nelir, 59 anos, São Paulo – SP.
“… As vezes estou em casa e mesmo sem pensar, percebo que estou esperando a chegada dos filhos, ai lembro que eles não voltam para casa aquele dia e ainda me surpreendo com esta lembrança. Parece que não me acostumei com a ausência deles, o coração dá uma reclamadinha, uma dorzinha… Será que um dia a gente acostuma com a ausência deles?” Alice, 54 anos, São Paulo – SP.
“… Me sinto orgulhosa, feliz, realizada… As vezes sinto um vazio, uma pitada de tristeza por não tê-los sob meu teto, sob meu olhar, meus cuidados… Mas… é assim mesmo, filhos criam asas, ou seja, damos asas à eles; pois o fato de incentivá-los, acolher namorada, é o mesmo que dizer: estás pronto para a vida e para o mundo.” Bethinha, 54 anos, Maceió – Alagoas.
“… Ser mãe de gente grande é conviver com um sentimento de alegria mas também de tristeza porque os sinto mais distantes… cada um tem sua vida, seu mundo.” Celeste, 54 anos, Salvador – Bahia.
“… É sentir falta de apertá-los como antes… quando eram pequenos, mas perceber que hoje posso falar com eles de igual para igual e isso também é bom!” Eliana, 47 anos, São Paulo – SP.
“… Penso que eduquei direitinho e tenho frustrações também em alguns aspectos. Mas cada um é de um jeito e tenho que encarar.” Marlene, 56 anos, São Paulo.
E ser mãe de gente grande… mas nem tão crescidos assim?
“… Tive três filhos únicos, porque a diferença de idade de um para o outro é de 5 anos, então as fases de cada um foram bem marcadas, não dava para aproveitar e fazer as coisas juntos, agora que começou a igualar, mas ainda não os sinto tão crescidos. É bom vê-los fazer escolhas e se tornarem independentes. Me sinto cansada as vezes porque a rotina é intensa mas me sinto bem feliz e adoro viver esse momento em que todos podem sentar ao redor de uma mesa e conversar sem aquela trabalheira toda de quando eram pequenos.” Tânia Dionísio, 53 anos, São Paulo – SP.
“… Minhas filhas são gêmeas, quando adultas as preocupações dobraram… Não tenho ainda a realização de vê-las totalmente independentes e ficar tranquila, mas tenho amor e esperança de brevemente realizar esse sonho.” Glória, 58 anos, Vitória da Conquista – BA.
“… É uma outra fase da vida com gosto agridoce, as vezes acho que sou desnecessária mas é essa a finalidade, os filhos precisam ser independentesmas.” Julia, 53 anos, São Paulo – SP.
Ser mãe de gente grande é preocupar-se com o destino dos filhos:
“… Muitas vezes é triste sofremos em dobro por nós e por eles quando algo não dá certo em suas vidas… Sentimos culpa mesmo sabendo que não tivemos responsabilidade pelas dificuldades que os filhos passam.” Elisabeth, 59 anos, São Paulo.
E as mães que já são avós de gente grande?
“… Sinto muita saudade de quando meus filhos eram pequenos e que dava 10 horas da noite e estava todo mundo junto. Quando ia até o ponto de ônibus levar a minha filha. As vezes eu dizia para ela: essa blusa não está muito boa e ela voltava e colocava outra.” Encarnacion, 81 anos, São Paulo.
“… Me sinto feliz e orgulhosa pelos meus filhos porque eles são abençoados. Tenho certeza que Deus peneirou e mandou os melhores para mim.” Arlete, 83 anos, São Paulo
Ser mãe de gente grande é perceber que o amor não é diferente, porque amor de mãe não tem idade e nem tamanho! Amor de mãe se eterniza na atenção e nos cuidados com os filhos.
E como dizem os filhos – mãe é tudo igual, só muda de endereço!